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Benito Mussolini e Roberto Farinacci aconselharam contra a Kirchenkampf

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Published on 20 Dec 2024 / In Other

Video original by Guelfo Negro: https://youtu.be/ihAnStpvow8?si=oKvMzCfczfaQNs1J
Texto:
Hans Frank, ministro da justiça do Terceiro Reich, perguntou para Benito Mussolini em 23 de Setembro de 1936 como ele conseguia manter boas relações com a Igreja Católica. Mussolini lhe respondeu: "A luta contra a religião, tanto católica quanto protestante (não contra os judeus, porque neste caso é uma questão de raça), é inútil, porque a religião é tão fugidia quanto a neblina. Para o Estado é importante dividir claramente a tarefa com a Igreja: vocês, padres, estão preocupados com a religião, não com a política, com a alma e não com o corpo. O cidadão pertence ao Estado, a Igreja cuida dele apenas no setor religioso. Depois da Conciliação, uma crise gravíssima também ocorreu na Itália e o Papa não deixou de me ameaçar com à excomunhão. A luta terminou com o triunfo do Estado. Os jovens são educados pelo Estado. A Igreja fornece capelães, que se limitam a rezar a missa. Mas eles não têm que lidar com os esportes, nem com o lazer, nem com a ginástica, nem com os clubes recreativos, o campo eclesiástico é a teologia. Desde do 1º de setembro de 1931, a Ação Católica na Itália praticamente não existe mais. Deve-se reconhecer que os resultados dessa política foram satisfatórios: nenhum contraste notável foi produzido desde então e, de fato, nas horas difíceis do conflito ítalo-etíope, o clero deu excelentes evidências. No entanto, é aconselhável estar constantemente vigilante. A Igreja Católica é como uma bola elástica: para ver o sinal da pressão, a pressão deve ser constantemente exercida, caso contrário a bola voltará à sua forma original".

Mussolini numa conversa com Konstantin von Neurath, ministro das relações exteriores do Terceiro Reich, em 4 de Maio de 1937, lhe advertiu que o conflito com a Igreja Católica prejudicava a reputação do Terceiro Reich. Baseando-se na sua própria experiência, ele aconselhou os nazistas a permitirem o ensino religioso nas escolas públicas, o que ele fizera no Reino da Itália com resultados muito proveitosos. Mussolini sugeriu que ele ao conceder pequenos favores ao alto clero, como distribuir bilhetes de trem gratuitos e conceder deduções de impostos por exemplo, conseguiu conquistar o apoio da Igreja de tal maneira que até declararam a Segunda Guerra Ítalo-Etíope como uma Guerra Santa.

Mussolini numa conversa com Joachim von Ribbentrop, ministro das relações exteriores do Terceiro Reich, em 28 de Outubro de 1938, lhe disse que a batalha dos nazistas contra a Igreja era um grande obstáculo a uma aliança militar entre Roma e Berlim, pois enfraquecia o apoio popular italiano. Ele sugeriu que antes do pacto proposto por Ribbentrop ser assinado, o Terceiro Reich tinha que dar um jeito de fazer as pazes com a Igreja. Mussolini lhe disse que se eles chegassem a esse acordo, a aliança com os nazistas se tornaria muito popular entre os italianos.

Mussolini enviou uma carta para Adolf Hitler em 30 de Maio de 1939 onde ele lhe aconselhou: "Aprofundar ainda mais as relações não apenas entre os governos das potências do Eixo, mas também entre os povos. Para esse propósito, uma détente nas relações entre a Igreja Católica Romana e o nacional-socialismo seria, sem dúvida, benéfica, e também é muito desejada pelo Vaticano".

O núncio apostólico de Berlim Cesare Orsenigo relata que Roberto Farinacci durante sua visita a Berlim e Gdansk em meados de Fevereiro de 1942, criticou a política dos nazistas contra a Igreja no Terceiro Reich, especialmente na Polônia. Farinacci disse para os nazistas que embora não tivesse simpatia pela Igreja, a política deles era pior que um erro, porque era uma injustiça. Farinacci lhes disse que a Igreja não poderia ser suprimida e que sempre ressurgiu das lutas mais forte do que antes.

Farinacci escreveu uma carta para Hitler em 4 de Março de 1943, onde ele sugere que caso ele estivesse em seu lugar, ele procederia com a Igreja da seguinte maneira: "Perseveraria por uma razão puramente política, na mesma atitude e apoiaria a tese da separação rigorosa entre religião e política, entre Igreja e Estado".

Farinacci em sua correspondência com Hitler prossegue: "Não podemos negar o fato de que há cerca de novecentas milhões de almas no mundo que se confessam aos cristãos e que, mesmo que sejam, em grande parte, por tradição ou quase por inércia, estão prontas para se levantar, como se por orgulho ofendido, quando na substância ou na aparência das coisas, parece-lhes que há oposição ou aversão por parte do Estado às suas Igrejas. Os judeus conseguiram com arte diabólica criar uma frente cristã e lançá-la contra nossas duas nações, acusadas de paganismo! Infelizmente, mesmo que essa acusação não seja verdadeira, ela é revivida e instrumentalizada contra as potências do Eixo. E testemunhamos o maior paradoxo, na verdade a comédia mais abjeta, de uma Rússia sem Deus que deu seu apoio ao que Londres e Washington chamam de guerra em defesa do cristianismo. Como você sabe, Stalin se apressou em restaurar a liberdade de culto e, enquanto isso, agradece ao Arcebispo da Cantuária, que continua a enviar-lhe suas copiosas bênçãos; enquanto os Estados Unidos enviam o Arcebispo Spellmann para a Cidade do Vaticano e Roosevelt manobra os prelados católicos com a habilidade judaica. Sem dúvida, na Alemanha, se tomou uma posição contra as Igrejas. Os cardeais e bispos, os pastores evangélicos aparecem isolados, desprovidos de autoridade e combatidos no exercício de seu ministério. Não há jornal evangélico ou católico de alguma importância que dê a impressão de que pelo menos os religiosos fiéis às diretrizes do Reich possam se declarar patriotas e demonstrar seu fervor na luta, como fazem os correligionários dos Estados Unidos e da Inglaterra".

Farinacci enviou uma cópia dessa carta para Mussolini. Farinacci numa carta para Mussolini em 23 de Abril admitiu que foi incitado por Ernst von Weizsäcker, subsecretário de estado do ministério das relações exteriores do Terceiro Reich, a escrever essa carta para Hitler.

REFERÊNCIAS:
Denis Smith Mack, Mussolini, Milano, 2002, p. 335.

David I. Kertzer, O papa e Mussolini: A conexão secreta entre Pio XI e a ascensão do fascismo na Europa, Intrínseca, 2017, p. 274.

R. J. B. Bosworth, Mussolini a biografia definitiva, Globo Livros, 2023, p. 421.

Alessandro Duce, La Santa Sede e la questione ebraica, 1933-1945, Studium, 2006, p. 310.

Renzo De Felice, Mussolini: L'alleato: 1. L'Italia in guerra, 1940-1943. t. 1. dalla guerra breve la guerra luonga. Einaudi, 1965, p. 751.

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