Em 1921, Benito Mussolini deixava clara a possibilidade de aliança entre fascistas e comunistas
Observando a tentativa de coalizão que se formava contra o fascismo dentro do próprio campo da esquerda — de onde o fascismo emergira como dissidência do grande movimento socialista — Benito Mussolini discursou em 1º de dezembro de 1921. Naquela ocasião, aventou a possibilidade de aliança com os comunistas contra o regime vigente, afirmando:
“Deixe-me dizer, desde já, que, no que diz respeito aos fascistas, isso seria muito difícil e perigoso, pois, amanhã, fascistas e comunistas, ambos perseguidos pela polícia, poderão chegar a um acordo, deixando de lado suas diferenças até chegar a hora de partilhar os despojos. Percebo que, embora não existam afinidades políticas entre nós, existem muitas afinidades intelectuais. Tal como eles, acreditamos na necessidade de um Estado centralizado e unitário, impondo uma disciplina férrea a todos — mas com a diferença de que eles chegam a essa conclusão por meio da ideia de classe, enquanto nós a alcançamos por meio da ideia de nação.”
Assim, embora compartilhassem uma raiz revolucionária, os dois movimentos encontraram formas distintas de expressão. Ainda que adversários na disputa final pelo poder, demonstraram habilidade em coordenar suas ações para, inicialmente, neutralizar as forças políticas tradicionais. Uma vez cumprida essa etapa, a revolução poderia ser aprofundada pela facção que prevalecesse, de acordo com sua orientação ideológica: ora adotando a tônica da luta de classes entre proletários e burgueses, como propunham o comunismo e o socialismo internacional; ora reinterpretando essa oposição em escala mais ampla, como um embate entre nações burguesas e nações proletárias, resultando em regimes socialistas de orientação nacionalista.
No caso italiano, o Partido Nacional Fascista, ao aproveitar a oportunidade de liderar o processo revolucionário, tornou-se seu protagonista a partir de 1922.
REFERÊNCIA: Jacob Talmon, Nation and the Vision of Revolution, University of California Press, 1981, p. 494.
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