Nicola Bombacci foi o Papa vermelho do fascismo
Video original by Guelfo Negro: https://youtu.be/wErsNmorsyk?si=86JsFNYWZLq0681_
Texto:
Antes de sua excisão no décimo sétimo congresso nacional do Partido Socialista Italiano em Livorno de 15 a 21 de Janeiro de 1921, Nicola Bombacci havia proposto para Benito Mussolini: "Você se joga para a direita, eu me jogo para a esquerda, então estamos certos de que pelo menos um dos dois será capaz de vencer os patrões". Por isso, nesse mesmo ano, Bombacci irá fundar o Partido Comunista da Itália em 21 de Janeiro, e Mussolini irá fundar o Partido Nacional Fascista em 9 de Novembro. Andrea Abbiati, que foi amiga de Wladimiro Bombacci (filho de Nicola Bombacci, que lhe deu o nome de Wladimiro em homenagem a Vladimir Lênin) até sua morte em 2005: "Eu também assisti ao seu funeral. Tínhamos nos conhecido cerca de dez anos antes nas encostas de Terminillo. Ele era um fã de esqui cross-country, um membro do Clube Alpino Italiano. Ele havia fundado a associação Amigos da Groenlândia. Ele me perguntou se eu poderia lhe dar uma carona de volta no carro. Comigo também estavam o Renato Andaloro e aquele grande campeão de caminhada que foi o Abdon Pamich. Durante a viagem, pedimos a ele que nos falasse sobre seu pai. Explicou que era muito amigo de Mussolini, porque nasceram a poucos quilômetros um do outro de famílias muito modestas e ambos haviam frequentado o instituto de ensino. Eles travaram muitas batalhas políticas juntos para tentar melhorar as condições dos trabalhadores. Ao perceber que as esperanças revolucionárias dos socialistas eram regularmente frustradas, Bombacci propôs a Mussolini que radicalizasse a luta com uma manobra de pinça contra os patrões: 'Vamos fazer isso, você vai para a direita e eu para a esquerda'. E pouco depois, o primeiro fundou o Partido Comunista da Itália e o segundo o Partido Nacional Fascista". Bombacci como líder do Partido Comunista da Itália se tornou o inimigo número um da burguesia italiana que irá apelidá-lo de Papa vermelho. Bombacci como os demais líderes do Partido Comunista da Itália, irá para Moscou pra comemorar o quinto aniversário da revolução bolchevique em 9 de Novembro de 1922 do calendário russo, que coincidiu, talvez não coincidentemente, com 28 de Outubro, quando Mussolini fez sua Marcha sobre Roma. Assim, enquanto a alta cúpula do Partido Comunista da Itália estava comemorando o quinto aniversário da revolução bolchevique em Moscou, Mussolini conquistou o poder em Roma sem nenhuma resistência vermelha. A ascensão de Mussolini ao poder será comemorada pelos membros do Partido Comunista da Itália, que declaram-se: "convencidos de que a ascensão ao poder do fascismo teria encerrado o ciclo da degeneração capitalista e, portanto, apressado os tempos da retomada revolucionária" Bombacci foi o primeiro comunista a entrar na câmara depois que Mussolini chegou ao poder. Ele não foi agredido ou preso como se temia. Desde então, Bombacci, colaborador do jornal Pravda de Lênin, passou a defender um entendimento entre a União Soviética e Itália fascista. Mussolini numa intervenção na câmara em 16 de Novembro de 1922 declarou que a Itália fascista estava disponível para o reconhecimento internacional da União Soviética. Bombacci, secretário do grupo parlamentar comunista, aconselhado pelo embaixador soviético na Itália Nikolai Ivánovitch Iordanski, interveio na câmara em 30 de Novembro de 1923 para propor um tratado econômico ítalo-soviético, desejado pelo Kremlin para romper o isolamento. Em 7 de Fevereiro de 1924, a Itália fascista firmou um tratado de comércio e navegação com a União Soviética. Em 2 de Setembro de 1933, será feito Pacto Ítalo-Soviético de Amizade e Não-Agressão entre a Itália fascista e União Soviética. Sobre as leis sociais de Mussolini, Bombacci declarou em 1928 que: "cada postulado é um programa socialista". Bombacci teve uma longa troca epistolar com Mussolini tentando o influenciar em suas políticas econômicas e sociais. O grande historiador do fascismo Renzo de Felice, escreveu acerca disto que Bombacci teve o mérito de ter sugerido a Mussolini mais do que uma das medidas adotadas na década de 30. Bombacci em uma carta sua para Mussolini datada de 1934 sugeriu um programa de autarquia econômica o qual Mussolini irá aplicar. Nessa carta, Bombacci confessou para Mussolini sua: "vontade de trabalhar mais no que interessa, no interesse e para o triunfo do estado corporativo". A partir das páginas de sua revista La Verità (que tinha o mesmo nome do Pravda, órgão do Partido Comunista da União Soviética), Bombacci travou uma batalha por uma autarquia que fizesse a Itália um país independente com capacidade para enfrentar as potências plutocráticas como os Estados Unidos da América, Inglaterra e França. Por isso, Bombacci em uma carta sua para Mussolini irá registrar seu apoio a Segunda Guerra Ítalo-Etíope, não como uma campanha colonial, mas como o prelúdio de choque entre as nações proletárias (das quais a Itália fazia parte) e as nações burguesas, que irremediavelmente virá: "a revolução global que restabelecerá o equilíbrio mundial". Para Bombacci, a vitória da Itália na Segunda Guerra Ítalo-Etíope era uma "típica e indiscutível conquista proletária", destinada a derrotar as potências capitalistas e cuja experiência: "tem de ser assumida como uma data fundamental para a redenção dos povos de cor, mesmo que sobre a opressão mais terrível do capitalismo". Em 29 de Setembro de 1935 o Padre Pietro Tacchi Venturi veio ao Mussolini implorar-lhe que evitasse a guerra contra a Etiópia para não colocar a Itália em condição de pecado mortal. Imóvel, Mussolini respondeu que as democracias estavam determinadas a desferir um golpe fatal no fascismo. Na República Social Italiana, Bombacci se torna assistente pessoal e confidente de Mussolini. Ele escreve para Mussolini em 11 de Outubro de 1943: "Estou hoje mais do que nunca totalmente convosco. A vil traição do Rei e de Badoglio trouxe de forma completa a ruína e a desonra sobre a Itália, mas libertou-vos dos compromissos pluto-monárquicos de 1922. Hoje o caminho é claro e por aquilo que vejo só uma pessoa só pode voltar-se para o apoio ao socialismo. Antes de mais: a vitória militar. Mas para assegurar a vitória vós deveis assegurar o apoio das massas proletárias. Como? Com feitos decisivos e radicais no setor sindicalista econômico-produtivo. Sempre ao vosso dispor, com uma grande estima que dura trinta anos". O congresso do Partido Republicano Fascista em Verona foi realizado de 14 a 15 de Novembro em 1945, no Castelvecchio em Verona, se lançou os 18 pontos da Carta de Verona. Os pontos mais revolucionários da Carta de Verona foram feitos por Bombáti, mas com aprovação de Mussolini. Porém, o trinômio "Itália - República - Socialização" havia sido idealizado por Mussolini antes mesmo do Congresso de Verona. Perante um grupo de velhos veteranos fascistas de Milão, Mussolini lança sua proclamação que embasaria a sua república fascista onde ele declara: "Alguns ainda nos perguntam: o que querem vocês? Nós respondemos com três palavras que sumarizam o nosso inteiro programa: Aqui estão elas, Itália, República, Socialização. Socialização não é mais do que a implantação de um socialismo italiano, humano, nosso e possível, e eu digo nosso, já que ele constitui a única fundação da economia, afastando as alavancagens mecânicas, não existentes na natureza e impossíveis na história".
Em 12 de Fevereiro de 1944 foi aprovado o decreto-lei de socialização que define: - a possibilidade, para as empresas que extraem matéria-prima, produzem energia ou se dedicam a outros setores importantes para a independência do Estado, de serem adquiridas por este; - conselhos de gestão para decidir sobre a organização da produção e distribuição dos lucros; - conselhos de administração compostos por representantes de acionistas e empregados; - responsabilidade pessoal dos gerentes de negócios para com o estado; - novas regras sobre a nomeação de sindicalistas, comissários do governo e sobre as tarefas de um novo órgão público, o Instituto de Gestão de Fundos. Bombacci atribuiu para si o projeto de socialização muito publicitado pelo fascismo republicano e aprovado com a denominação de socialização fascista. Já na política externa da República Social Italiana, Bombáti irá convencer Mussolini que um acordo de paz com a União Soviética tem que ser feito para continuar a guerra contra a plutocracia anglo-saxônica ressuscitando o eixo Roma-Berlim-Moscou dos pensadores geopolíticos da década de 20. Essa proposta será aceita por Mussolini que escreverá vários artigos na imprensa fascista republicana a respeito disso. Bombacci na República Social Italiana tentou reabrir o caso Matteotti para demonstrar que aquele crime foi colocado entre Mussolini e o socialismo para evitar a reaproximação. Mussolini confidenciou para Carlo Silvestri: "O maior drama da minha vida ocorreu quando não tive mais forças para apelar à colaboração dos socialistas e repelir o ataque dos falsos corporativos. Eles realmente agiram como promotores do capitalismo. Tudo o que aconteceu então foi a consequência do cadáver de Matteotti que em 10 de junho de 1924 foi jogado entre mim e os socialistas para impedir aquele encontro que teria dado um rumo completamente diferente aos socialistas". Mussolini aconselhado por Bombacci propôs entregar o poder da República Social Italiana para os socialistas do Comite da Libertação Nacional Italiano ao invés dos líderes da direita do Sul da Itália. Na noite de 22 de Abril de 1945, Mussolini se encontra com Silvestri para lhe dar uma declaração pro comitê executivo do Partido Socialista Italiano da Unidade Proletária, na qual se propunha que o Partido Socialista Italiano da Unidade Proletária em acordo tácito com o Partido Comunista Italiano assumisse o poder na República Social Italiana. Nessa carta que Mussolini entregou para Silvestri estava escrito: "Como a sucessão está aberta em consequência da invasão anglo-americana, Mussolini deseja entregar a República Social aos republicanos e não aos monarquistas, a socialização e todo o resto aos socialistas e não aos burgueses". Essa mensagem será recebida por Sandro Pertini e Ricardo Lombardi, que irão destruí-la.
REFERÊNCIAS:
Erik Norling, Fascismo Revolucionário, p. 9. Renzo De Felice, Mussolini il Duce. II. Lo Stato totalitario 1936-1940 , Turim, Einaudi, 1981 (2ª edição, 1996), p. 331.
https://www.nuovarivistastoric....a.it/il-duce-trasfor
https://www.ilgiornale.it/news..../tutti-i-segreti-com
https://www.marcelloveneziani.....com/articoli/centann
https://www.libertaepersona.or....g/wordpress/2022/10/
https://lanuovabq.it/it/partit....o-comunista-italiano
https://publishing.cdlib.org/u....cpressebooks/view?do
0
Log in to comment