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Os Princípios e a Obra da Revolução - António de Oliveira Salazar - 1943

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Published on 18 Jun 2021 / In News & Politics

⁣Os
Princípios e a Obra da Revolução no Momento Interno e no Momento Internacional



Faz hoje quinze anos
tomei conta da pasta das Finanças e com ela a minha parte de responsabilidade
na direcção superior do Estado. A Revolução vinha de mais longe; o seu acto
inicial é de 1926 e sabe-se que me não deve nada. Mas os dois primeiros anos
gastaram se a bem dizer na arrumação sumária desta desarrumadíssima casa e
sobretudo na preciosa conquista de estabelecer a ordem com o mínimo de
violência. Sem esquecer o muito realizado na mesma orientação que depois veio a
definir-se, podemos pois sem grande erro fixar a partir de 28 a época
propriamente reformadora e construtiva.

Quinze anos são pouco
na vida de um povo mas podem pela seiva dos princípios e pela força criadora
das instituições alimentar e marcar um século. Para isso é necessário que
tenham consubstanciado as necessidades e aspirações nacionais e que, não tendo
a possibilidade histórica ou a potencialidade suficiente para abrir novas rotas
ao mundo, se enquadrem nas grandes linhas que traduzem o sentido geral dos
tempos. Por isso me pareceu que um assunto possível para hoje seria este: os
princípios e a obra da Revolução no momento interno e no momento internacional.

A obra política é
sobretudo obra de resultados. Pelos benefícios materiais e morais que lhes
ficam devendo os homens ou as sociedades se costuma aferir o valor das ideias e
das fórmulas, por vezes até com desprezo pela sua verdade e justiça intrínsecas
- desprezo excessivo mas compreensível, se aceitarmos que o erro não é
socialmente mortífero senão depois de muitas gerações.

Seja como for, não se
devem confundir os resultados gerais com dificuldades de momento, os
sacrifícios individuais com o bem-estar colectivo que os tornou necessários; e
para se fazer o balanço exacto da situação devem ainda ter-se em conta
correctamente as circunstâncias em que se desenvolveu.

Ora o período de 1928
até hoje pode ser caracterizado pela gestação político-militar da maior guerra
que o mundo viu, enxertada na maior crise que os economistas anotaram em todos
os tempos. Em quinze anos, quatro derrocadas económicas e financeiras, três de
guerra na Península, que nos cortou da Europa por terra, quatro de
conflagração, que a bem dizer nos tem separado do resto do mundo por mar. Sobre
as economias empobrecidas pela crise tiveram de erguer-se as economias fechadas
pelo bloqueio; sobre as moedas debilitadas se lançaram os desequilíbrios das
balanças de pagamentos ingurgitados pelos abastecimentos militares; sobre as
finanças, que mal aguentavam os déficits do tempo de paz, carregam as
astronómicas despesas do tempo de guerra. E o grande abalo não se repercutiu
apenas nas coisas materiais que se reparam, ou renovam, ou reconstituem, mas em
conceitos básicos de ordem política e moral. Tudo parece ter estado sujeito a
revisão - promessas e tratados, interesses e amizades, fronteiras e soberanias,
regras de vida internacional, o próprio direito de viver. E a angústia da
humanidade que não pode viver sem arrimos sólidos de certeza moral juntou-se
por toda a parte às insuficiências económicas, filhas da guerra ou do seu
receio.

Estes traços largos vêm
aqui sem o intento de diminuir responsabilidades, mas como exigência da
exactidão histórica ao situar no tempo os acontecimentos políticos. Porque
objectivamente o problema deve pôr-se da mesma forma e o primeiro ponto será
portando - se o Revolução se tem mostrado apta a compreender, estudar e
resolver os problemas nacionais.



I. A Revolução e os Problemas Nacionais



1. Problemas Nacionais

Eu não me refiro aos
mil problemas ou questões que fazem a trama da vida diária de um país e exigem
soluções de momento. Tenho apenas em mente aqueles problemas essenciais que
respeitam à existência, à conservação, desenvolvimento e missão histórica do
agregado nacional. Desisto, para o efeito, de recorrer às conclusões a que nos
tenham levado a nossa própria reflexão e estudo; o mais simples é servirmo-nos
do que durante mais de um século se escreveu e perorou como deficiências ou
lástimas nacionais. Historiadores, publicistas, oradores parlamentares,
políticos, jornalistas apresentaram, durante cem anos de expansionismo verbal,
o quadro pouco lisonjeiro do que a Nação reclamava e se devia fazer.

Preferentemente, sob o
aspecto negativo ou crítico; aqui e além entremeado de uma ideia construtiva,
pouco importa. Pouco importa ainda que uns se deixassem influenciar pelo
progresso de nações estrangeiras, outros partissem de algum conhecimento das
coisas e circunstâncias locais; que estes atribuíssem aos defeitos da educação
e aqueles às más artes da política os males do País; que ali se chamasse
desordem à miséria e aqui se denominasse pobreza o que era desleixo, falta de
trabalho, desorganização. Há certamente para exame mais profundo muitos
conceitos a corrigir; mas sob o aspecto que nos interessa, as recriminações, as
queixas, as discussões azedas, as críticas bem ou mal intencionadas, os
programas dos partidos ou dos governos fizeram vir ao de cima da consciência
pública, como espuma em águas agitadas, a enunciação de grandes problemas
nacionais.

Verdadeiramente como
espuma. Com efeito não havia em regra mais que a forma verbal de uma aspiração,
mas nenhum conteúdo, nenhum fundamento nem essência concreta - estudo exaustivo
de factos ou causas, processos ou meios de se satisfazer. Quer dizer, nenhum
problema posto em equação, e a regra é: problema não equacionado, problema não
resolvido; no Governo e na vida os expedientes são outra coisa.

O público teve assim
conhecimento, mesmo quando as não podia sentir directamente, de grandes
necessidades ou problemas que, pela forma insistente como eram atacados e não
resolvidos, se lhe erguiam na frente como as suas verdades primárias e ao mesmo
tempo como esfinges de invioláveis segredos, medonhos fantasmas, impossibilidades.
E em muitos casos afez-se à ideia, resignou-se, entristeceu.

O eterno déficit, o
mistério tenebroso das contas e da dívida pública; o espectro da bancarrota, a
quebra da moeda; o déficit da balança comercial; a insuficiência económica; a
miséria agrícola; o repovoamento florestal; as estradas; os portos; o
analfabetismo; o abandono das populações rurais; a pesca; a marinha mercante; a
administração colonial; a instrução e rearmamento do Exército; a reconstrução
da marinha de guerra; a viciosa educação da gente portuguesa; a emigração; o
quadro das nossas relações internacionais; a questão religiosa - tudo isto
absorveu literalmente um século de discursos, toneladas de artigos e não deu um
passo, salvo sempre o respeito pelos esforços honestos e realizações parciais
úteis, entre as quais se destacam o fomento das comunicações e a ocupação
colonial.

Não deu um passo -
porquê?



2. O Problema do Estado. Reforma Política

Ponhamos em primeiro
lugar o problema do impulso e direcção central - digamos, o problema do Estado
e da sua estrutura.

A vida colectiva
sobretudo na sua expressão nacional e num plano superior desta não se congrega
nem ordena espontaneamente. É ilusão supor que a sociedade busca ou encontra
por si própria as suas directrizes; ou mesmo apreende em termos sensíveis as
suas próprias necessidades. Um ou poucos, debruçados sobre o ser colectivo,
deduzem e esclarecem o que pode encontrar-se vaga e embrionariamente na
consciência geral, sentem as necessidades ou conveniências, fixam um objectivo,
definem uma direcção, dão o impulso - criaram uma política. Esta, conforme a
sua amplitude, esgota-se em anos ou absorve gerações sucessivas, dura séculos;
mas as condições de êxito são sempre as mesmas, apesar de não ser igual a
empresa.

Nestes termos e para o
que nos importa, posta de lado toda a pretensão cientifica e mais as luzes da
filosofia e do direito político, o que é o Estado? - O chefe, o governo, a
burocracia ou seja, grosseiramente, um pensamento constante, uma vontade
esclarecida, um órgão de estudo e execução. A Nação por sua vez, recebido o
influxo das ideias directrizes, é que verdadeiramente realiza, pelo seu
esforço, em tudo o que não representa pura acção de Estado, a política
nacional. Ela pode aliás e deve fazer ouvir a sua voz, isto é, a voz das suas
necessidades, sentimentos e aspirações, por meio de representação adequada. -
Vê-se a olho nu a importância da orgânica constitucional.

Nas antigas monarquias,
a extensão e força do poder real ligadas à hereditariedade da função podiam fazer
da dinastia o fiel depositário do pensamento político. A obra da conquista,
formação e povoamento do Reino, a empresa das descobertas, o esforço da
restauração metropolitana e ultramarina são exemplos frisantes do que podem
representar dinastias na fidelidade a um pensamento e na prossecução de uma
política. Vê-se também algumas vezes órgãos colectivos, de escol, poderem
substituir ou coexistir com outros na conservação de um pensamento de Estado e
na fidelidade à tradição. Exemplos: o Senado da República na Roma antiga, o
Almirantado britânico, a Cúria Romana.

No Estado moderno a
excessiva preocupação da defesa dos direitos e liberdades individuais contra os
possíveis abusos do Rei e seus Ministros pôs por toda a parte em crise a
chefatura do Estado: foram atingidos o poder, a permanência, a duração das
funções de direcção superior e com elas as possibilidades que em si continham.
Os expedientes que se encontraram e utilizam quando uma empresa vital se cruza
e periga com o mandato que termina são fracos remédios para profundos males.

Com a translação
operada nas forças políticas e as deduções porventura apressadas dos conceitos
correntes acerca da sede da soberania, entraram igualmente em crise a formação,
estabilidade e prestígio dos governos. Conforme as qualidades dos povos e a
permanência de instintos de defesa, os resultados foram diferentes. Em Portugal
porém fez-se tudo quanto era humanamente possível e razoável fazer para anular
os principais órgãos da soberania, aqueles em que principalmente reside a força
e autoridade do Estado. A vergonhosa estatística que apresentamos como
expressão de havermos passado todas as marcas revela, com o completo
desprestigio das instituições políticas, termos criado as condições óptimas em
que não se podia governar. Só por si o Parlamento o não permitiria, com seus
partidos, grupos e paixões, sua ânsia de impor-se ao Chefe do Estado e aos
governos e sua total irresponsabilidade diante de Deus e dos homens. Pela sua
origem e constituição, em ambas as Câmaras, não poderia mesmo aspirar a
qualquer representação nacional, pois que nenhuma tentativa se fizera para
organizar a Nação dentro dos seus quadros naturais, de que directa ou
indirectamente emanasse e pudesse ser imagem ou intérprete fiel.

Podia ao menos ter se
salvo a burocracia; mas não. Ela foi a primeira vítima da falta de direcção e
da desordem política. Na carência do Estado não podia ser-lhe reconhecida
utilidade; e assim, roída pelo compadrio e pela incompetência, pôde vir a ser
acusada de completamente inútil. Quando chegou a altura de, pela falta alheia
ou incapacidade própria, se convencer da sua inutilidade, a burocracia, perdido
o estímulo, o zelo, o brio da função, veio a resignar-se com a acusação da
parasitagem e o desprezo público. Mais de um movimento se inspirara no
peregrino intento de libertar o País do funcionalismo, o que dá simultaneamente
ideia da incompreensão dos dirigentes e da consciência geral.

Só nós temos a coragem
de afirmar que a burocracia é instrumento precioso e indispensável da governação,
como temos o dever de dizer que à data da Revolução - e possivelmente nalguns sectores ainda hoje - a burocracia não
estava preparada ou, se se prefere, não estava habituada a trabalhar como se
fazia mester. (Fala-se em geral e exceptuam-se sempre os verdadeiros valores).
A nossa instrução livresca e formação dialéctica, nada objectiva, movendo-se na
abstracção, com pequeno contacto com os factos, podem engenhar-se em fórmulas
vazias que estendem os processos, não cortando as questões, mas não servem,
quando precisamente se trata de estudar as realidades e dar solução aos
problemas da vida. De modo que um dos grandes objectivos e uma das maiores
necessidades era exactamente reeducar a burocracia para um esforço sério.

A questão tem mais
importância do que se pensa mesmo no aspecto puramente político. Porque na
falta de elementos capazes de assegurar a execução do pensamento e planos de
governo, os Ministros, em vez de serem simplesmente os «técnicos das ideias
gerais», como de si próprio dizia o Marechal Liautey, têm de fazer-se os
técnicos-chefes dos respectivos Ministérios. E, parecendo à primeira vista boa
solução, não a tenho por tal, pela exigência de excepcionais requisitos, o peso
sobre-humano da tarefa, a perda da perspectiva em relação aos planos gerais, o
desaparecimento do político sob a avalanche das minúcias dos problemas
particulares. Mas creio bem que esta geração está condenada a trabalhar pouco
mais ou menos assim.

Enfim, os homens de
quarenta anos viram já duas doutrinas políticas em acção. Os de espírito
liberto podem guiar-se pelas lições da experiência, se a evidência dos
princípios os não tinha convencido já. Não só se havia chegado a extremo em que
parece nada se podia tentar sem a profunda reforma das instituições políticas,
como o sentido em que esta se operou foi ao encontro da maior necessidade –
dotar a vida da Nação daquela representação orgânica e daquela direcção central
estável, forte, eficiente, sem a qual seria impossível formular qualquer plano
ou executá-lo, se o houvesse. Só me parece que um alto corpo, como o Conselho
de Estado, mas em bases mais largas, poderia ser junto do Chefe do Estado fiel
intérprete da doutrina e o depositário seguro de uma tradição política.



3. A Nação e a sua Economia

Para além do Estado
está a Nação - a vida da comunidade nacional com suas necessidades, o seu
trabalho, as suas aspirações. Para ela existe o Estado, isto é, em seu
benefício se organiza o poder, se criam e funcionam serviços. Significaria
ostentação ao mesmo tempo que tentar o impossível trazer para aqui a enumeração
dos actos, providências, realizações de toda a ordem que nos últimos quinze
anos têm criado ou melhorado as condições de trabalho do País, satisfeito as
suas necessidades, fomentado o seu progresso, elevado o seu nível de vida e as
manifestações da sua cultura, numa palavra, revigorado o seu ser. Prefiro à
crónica que registasse as soluções concretas dadas aos problemas o comentário
de um ou outro traço essencial.

Julgo que algumas vezes
se têm exagerado as nossas possibilidades. Nós somos um país pobre, que tanto
quanto se enxerga no futuro não pode na metrópole aspirar a mais que à
dignidade de uma vida modesta. A ideia de que somos um país rico por causa da
doçura do clima e do puríssimo azul do nosso céu é uma ideia feita e falsa,
como a dos incultos do Alentejo e a da imensidão dos baldios. Ao país pequeno e
acidentado, as serras, as rochas, as dunas, as terras áridas diminuem-lhe muito
a superfície; a irregularidade das chuvas, o regime de sequeiro, a exigência e
carestia das regas onde isso se pode fazer, tornam ou precária ou cara a
produção. A agricultura é falível na qualidade de géneros e o rendimento
líquido. Temos o mar mas o subsolo não é comparável em combustíveis ou minérios
ao da generalidade das nações europeias.

Há um elemento que nos
tem porventura feito equivocar - a qualidade de algumas produções. Os vinhos,
as frutas, o peixe são de alta qualidade, preciosos, no rigor da palavra. Para
admitirmos que tivéssemos aí compensação era preciso partir do principio de que
a vida moderna de massas, tipos e produções em série, reservava ainda lugar
para o produto fino em que a mãe-natureza se compraz, sacrificando ao perfume,
à cor, ao gosto apurado, a altas virtudes, a banal quantidade. Não estou seguro
disso.

No acanhado espaço a
população em crescimento constante procura viver - há-de encontrar trabalho e
sustento. Não se dá outro fim ao que se tem feito para conhecer de verdade as
riquezas do subsolo e a sua melhor utilização, fixar as dunas, repovoar as
serras, dividir e aproveitar os baldios, irrigar os campos, regularizar os
cursos de água, enxugar, dessalgar e defender as terras. Tudo é apenas alargar
as áreas úteis — propriamente tornar maior o País. Sem suspensão nem desvios há
aí trabalho para duas, três décadas ou mais e gasto de muitos milhões, mas os
resultados hão-de possivelmente revelar-se em atraso relativamente à população
- tanto em disponibilidades alimentares como em trabalho exigido: grave
dificuldade.

Vejo-lhe dois remédios,
a aplicar conjuntamente - a colonização ultramarina, a intensificação do
trabalho industrial. As terras coloniais, ricas, extensas, de valor nulo e
fraquíssima densidade populacional são o natural complemento da agricultura
metropolitana, nos géneros pobres sobretudo, e das matérias primas para a
indústria, além de fixadores de uma população em excesso daquilo que a
Metrópole ainda comporte e o Brasil não deseje receber. Definida a
solidariedade económica e política nalgumas proposições do Acto Colonial, a
marcha do tempo tem ido revelando a possibilidade e demonstrando
inequivocamente a necessidade de uma política que assente na base imperial a
economia da Nação.

Quando por outro lado e
dentro de algumas semanas se puder fazer conhecer o plano da reorganização
industrial do País, comportando apenas, como é razoável, alguns aproveitamentos
e indústrias-base, harmónicos com o meio natural e eco nómico português,
ver-se-ão com mais clareza as grandes linhas dentro das quais se há-de
desenvolver a nossa actividade e como se pensa assegurar o trabalho e o pão dos
portugueses por meio de uma economia nacional.

Em nosso pensar a
economia nacional deve servir a Nação; é o seu fim; é a sua razão de ser. Mas
por que meios se garantirá este destino? Os termos «nacional», «nacionalista»,
«nacionalização» aplicados à economia prestam-se a mal-entendidos, porque em
muitas partes se lhes dão significados diversos; mas nós não temos dificuldade
em expor claramente o nosso pensamento.

A economia nacional não
pressupõe nem exige que o Estado absorva as empresas particulares e dirija os
monopólios, mesmo quando a actividade destes é essencialmente um serviço
público. O nosso nacionalismo é anti-socialista e desadora o estatismo, pela
dupla razão de a experiência portuguesa no-lo haver demonstrado anti-económico
e fazermos profissão de fé na iniciativa individual e no valor dos grandes
campos de acção privada para a defesa da própria liberdade humana.

A economia nacional não
é necessariamente autárquica, no sentido de insuficiência e de isolamento,
orientação que de um lado esbarra com a multiplicidade das trocas e a
interdependência da vida moderna, e do outro provoca desvios contrários ao
melhor aproveitamento e divisão do trabalho no mundo.

Finalmente a economia nacional
não impõe o exclusivismo em favor do capital ou do trabalho nacionais contra o
capital ou o trabalho estrangeiros, que aceitamos pela sincera adesão a
princípios de colaboração internacional e pelo convencimento dos seus
benefícios. Nós somos entre todas as nações uma das que mais liberais e
generosas se mostram para com os estrangeiros; nenhuma legislação ou tradição
excedem a nossa em facilidades, atenções, direitos dos nacionais de outros
países, em quase tudo equiparados em Portugal aos portugueses. Aos capitais
aplicados no País asseguram-se garantias, favores e privilégios de que os
nacionais raramente gozarão. Respeitamos por educação e princípio, senão por
lhe reconhecermos vantagem, ampla liberdade económica. Na última crise já as
grandes nações chamadas livres tinham restringido o trabalho estrangeiro,
bloqueado créditos, dificultado transferências de dinheiro, proibido a
circulação de capitais, alterado por muitas formas as correntes comerciais e
financeiras e ainda nós, quase ilha perdida no mar das restrições,
conservávamos abertas de par em par as portas da nossa casa e mantínhamos com
escândalo do mundo a liberdade de importações, de câmbios, de circulação de
capitais. Somos assim.

Reconhecemos lealmente
dever ao capital, à técnica e à iniciativa estrangeira, designadamente ao
capital inglês, parte importante no progresso do País, metropolitano e
colonial. A timidez do nosso capital que tradicionalmente prefere o rendimento
fixo do papel do Estado à aventura dos grandes empreendimentos, nos quais a
possibilidade de maiores lucros é a contrapartida dos ricos, tem nisso parte de
responsabilidade; a outra parte está na atitude dos governos que receiam por
vezes ter para com o capital português as mesmas deferências, cuidados e
garantias que mais facilmente se concedem ao capital estrangeiro.

Dados tais princípios e
tradições de liberdade e colaboração internacional, como há-de pôr-se o
problema da nacionalização da nossa economia? Respondo: em princípio todo o
factor económico pertencente ou trabalhando no seio da Nação Portuguesa deve
estar integrado na economia nacional, servir primariamente a economia nacional,
seguir as suas directrizes, obedecer ao seu comando. Não podemos ser ingénuos
ao ponto de supor que tais elementos estrangeiros não fazem também parte da sua
economia de origem, nem que não seja senão pelos rendimentos auferidos,
colocações pessoais, repercussão no comércio externo - e há muito mais coisas
além destas; mas podemos ter suficiente espírito de ordem na nossa casa, já não
digo bastante orgulho, para pretender que em Portugal a nacionais e
estrangeiros se imponha em primeiro lugar o interesse português, a vida da
Nação Portuguesa. Esta não poderia pretender ter suficiente liberdade nem
suficiente segurança, se as posições-chave da sua economia não obedecessem à
ordem nacional mas ao comando estrangeiro.

À luz destes
princípios, que são fruto de simples bom senso e de alguma experiência, a lei
recente, chamada de nacionalização de capitais, não traduz agressividade nem
sequer falta de apreço ao capital estrangeiro que trabalha ou deseje vir
trabalhar no campo metropolitano ou colonial, ainda aberto a muitas e vastas
iniciativas; mas antes um convite, incitamento e até prova de confiança no
capital português para que tome, em harmonia com a sua importância e
disponibilidades, o lugar que lhe compete no progresso e coesão da nossa
economia. Eu penso que a dura lição que recebeu nos últimos tempos em suas
peregrinações por países estranhos, junto à demonstração da nossa capacidade
administrativa, o convencerão a valorizar e enriquecer o País de cujo trabalho
provém e a Nação a que antes de tudo se deve.



4. Organização Nacional

A Nação Portuguesa como
ente histórico e moral



O liberalismo como
grande princípio orientador da economia nacional ou internacional e a confiança
na sua virtude para uma espécie de ordenamento espontâneo da vida económica
morreram: os acontecimentos estão procedendo ao seu enterro, por não haver
esperanças de ressuscitar. Mesmo qua abstraiamos das grandes necessidades dos
novos e das lições que a guerra trouxe para a condução da economia e em geral
do conjunto da actividade de uma Nação, aparece a todos os espíritos como
imperiosa qualquer forma de organização nacional. Nós procuramos fugir ao
socialismo e ao comunismo por meio das corporações, aplicado o princípio da
organização corporativa não só à agricultura, comércio e indústria, isto é, a
actividades directa e puramente lucrativas, mas a actividades espirituais e
morais que com elas coexistem e têm na vida tanta importância, pelo menos, como
o pão do corpo.

Na verdade
amesquinharíamos o conceito de Nação quando nela víssemos apenas a comunidade
de agricultores ou comerciantes que exigem do Estado a protecção e
desenvolvimento dos seus interesses materiais. Quando se é velho e se tem, além
de alguns séculos, uma História, sente-se que existem outros valores, e estes
são ao mesmo tempo património e imperativos da vida nacional. A razão manda que
um se conserve e aos outros sejamos fiéis.

Quando, ao lado da ponte
ou da estrada que lançamos para comodidade dos povos, reparamos o castelo ou o
monumento, reintegramos a pequena igreja secular ou o mosteiro abandonado,
alguns não vêem que trabalhamos por manter a identidade do ser colectivo,
reforçando a nossa personalidade nacional. E é isso que fazemos. Aquelas
qualidades que se revelaram e fixaram e fazem de nós o que somos e não outros;
aquela doçura de sentimentos, aquela modéstia, aquele espírito de humanidade,
tão raro hoje no mundo; aquela parte de espiritualidade que, mau grado tudo que
a combate, inspira ainda a vida portuguesa; o ânimo sofredor; a valentia sem
alardes; a felicidade de adaptação e ao mesmo tempo a capacidade de imprimir no
meio exterior os traços do modo de ser próprio; o apreço dos valores morais; a
fé no direito, na justiça, na igualdade dos homens e dos povos; tudo isso, que
não é material nem lucrativo, constitui traços do carácter nacional. Se por
outro lado contemplamos a História maravilhosa deste pequeno povo, quase tão
pobre hoje como antes de descobrir o mundo; as pegadas que deixou pela terra de
novo conquistada ou descoberta; a beleza dos monumentos que ergueu; a língua e
literatura que criou; a vastidão dos domínios onde continua, com exemplar
fidelidade à sua História e carácter, alta missão civilizadora - concluiremos
que Portugal vale bem o orgulho de se ser português.

Sob o aspecto moral e
aparte o valor eterno de alguns princípios, aquela política a que chamamos «do
espírito», no mais amplo significado, gira toda à volta de uma dupla
reabilitação - a de Portuga! no ânimo dos portugueses e a dos portugueses no
concerto das Nações. Uma e outra eram necessárias; ambas as empreendeu e levou
a cabo a Revolução.



II. A Revolução no Momento Internacional



Falta o segundo ponto -
os princípios e o obra da Revolução no momento internacional. Isto equivale a
perguntar se os referidos princípios e obra têm algum valor como elemento de
política externa e como factor construtivo no mundo de amanhã. Por mais presunçosa
que a pergunta pareça, ousarei explicar a sua razão de ser.



1. Os Princípios e a Obra da Revolução
como Elementos da Política Externa

Das duas questões a
primeira resolve-se por si. Se a Revolução ordenou a casa lusitana, refez e
fortaleceu a sua economia, despertou o patriotismo, provocou a unidade e a
coesão das forças nacionais, reorganizou e dotou o Exército e a Marinha, ganhou
prestígio pelos princípios que defende, a obra que realiza, a colaboração que
se tornou capaz de prestar, nenhuma dúvida pode existir de que não só criou à
Nação condições de melhor se determinar como de seguir com dignidade entre as
mais o seu caminho. Não vale a pena insistir. Se o País ordenado e ordeiro,
liberto de inglórias lutas partidárias e das suas permanentes ameaças ou factos
revolucionários, com alguma consciência e segurança de si, respeitado pelo seu
trabalho e correcção, não estivesse em melhores termos para definir, no que
dele dependesse, a sua linha de conduta internacional, não sei como havia de
divisá-la, tomá-la ou defendê-la no meio da desordem política, económica e
social, na surpresa diária dos governos e dos acontecimentos e no tumulto das
paixões através das quais tão difícil é imiscuir-se um pensamento alheio.

Naquelas circunstâncias
o governo pôde definir no começo do actual conflito a sua posição de
neutralidade - neutralidade não incondicional, como é evidente, porque não
haveria de esquecer nem imposições da dignidade da Nação, nem superiores
interesses do País, nem a existência da aliança inglesa que em momento tão
escuro e difícil não quisemos deixar de reafirmar lealmente. Não fujo a
classificar de delicada uma tal situação, não só porque em todos os campos
possuímos amizades, mas porque estão de facto envolvidas na luta nações a quem
nos ligam tão estreitos laços de camaradagem política e tão profundos afectos
como à Inglaterra e ao Brasil. Nem se pense que a neutralidade se mantém sem
cuidado, esforço ou despesas, e é como regato que desliza manso nos prados e
não encontra mesmo alguma pedra que de leve arrepie a corrente ou a force a
contorcer se. É apenas positivo que a neutralidade portuguesa se tem conservado
através dos mil obstáculos que se viu obrigada a vencer: salvo, quanto ao
Japão, o caso, ainda pendente de Timor, ela tem merecido o respeito de todos; e
julgo que também nós a temos respeitado.

Além do esforço interno
e do respeito alheio, valioso apoio de ordem externa nos veio da política de
amizade com a Espanha, que frutificou no chamado «bloco peninsular». Não só a
catastrófica extensão do conflito como considerações de outras ordens levaram a
concluir como desejável se mantivesse uma zona de paz na Península, por nós
desde o princípio defendida, através da neutralidade de Portugal e da Espanha.
As afinidades existentes, as recordações da guerra civil, a compreensão dos
interesses mútuos e gerais, possibilidades futuras da cooperação peninsular no
mundo estão na base dessa política e devem garantir o seu lógico
desenvolvimento.

Vejamos agora o outro
problema.



2. Portugal no Mundo de Amanhã

Se estranhos ao
conflito, pareceria natural nos considerássemos alheios aos seus resultados.
Mas não é assim, porque os países que não lutam, estão como os outros na
guerra. A razão encontra-se na extensão desta, no facto da solidariedade
internacional e no propósito de os grandes condutores aproveitarem o momento
para reformar o mundo. Reformar o mundo quer apenas dizer estabelecer algumas
regras de vida para a comunidade internacional e fomentar o domínio de ideias
político-sociais aptas a melhorar a vida dos homens e a activar o progresso e
bem-estar dos povos. Espera-se uma nova ordem, dependendo precisamente do
desfecho da guerra saber-se quem a definirá. Por declarações autorizadas ela
terá aliás de ser aceite de boa vontade ou por meio de coacção, Eis porque em
qualquer caso nos respeita e importa.



Como é natural, embora
a vida de amanhã não dependa em muitos pontos do sinal da vitória e a
civilização se vá alimentar de ideias que fermentam já por toda a parte através
e apesar do conflito, criando ambientes parecidos em toda a extensão dos países
da Europa e da América, com sua projecção africana, é certo que os processos,
senão mesmo algumas soluções, dependerão dos vencedores e da posição relativa
das suas forças no momento em que o conflito termine. Por este motivo talvez e
porque a guerra infelizmente ameaça ainda durar muito, nem de um lado nem do
outro se tem ido além de afirmações vagas que deixam no escuro por prudência ou
pela força das dificuldades alguns elementos essenciais. Assim, ainda que fosse
lícito e conveniente, não se estaria habilitado a discutir.



Por mim manifesto o
receio, porventura injustificado, de três tendências na arrumação do mundo: a
ambição do óptimo, ou seja o domínio do irreal nas aspirações; o vinco da
guerra nos hábitos de colectivização da vida; o primado do económico, isto é, a
inteira subordinação das soluções às exigências da economia, o que fará perder
à civilização o encanto e valor de grande criação humana e poderá revolucionar
o mundo sem encontrar o caminho da paz.

Seja como for, tudo
há-de partir destas duas bases elementares - a ordem e a colaboração
internacional.

Salvo o comunismo que
há-de continuar sendo elemento de desordem, a imediata preocupação será que a
ordem se não altere onde existe e se estabeleça onde se afundou. O problema tem
tal extensão e gravidade, pelos ódios, o rastro das violências, a miséria e
outros efeitos da própria guerra, que nenhuma direcção sensata dos
acontecimentos pode atentar contra a organização interna de qualquer Estado que
por si próprio seja garantia de ordem. Só o comunismo não raciocinará assim.
Ele constitui, a meu ver, o maior problema humano de todos os tempos, quero
significar, um problema de conceitos básicos de humanidade e de vida individual
e social, e por consequência grave risco para a civilização ocidental ou
cristã. Parece não se ter nunca esgotado tão completamente numa experiência
social determinado princípio de vida, nem tão completamente confiado à ciência,
à técnica, à organização aquela parte de iniciativa e de espontânea humanidade
que faz a doçura, a riqueza, a atracção de outras formas do compreender a vida
e o homem. Verifica-se que pode haver todas as marcas do chamado progresso
material - potencial militar, máquinas e indústrias de maravilha -
conjuntamente com a diminuição o afundamento de consciências livres. Onde o
Estado e a máquina absorvem o homem não há lugar para a liberdade humana. É
duvidoso que, sejam quais forem as solidariedades necessárias do tempo de
guerra, estes aspectos essenciais possam alguma vez ser esquecidos.

A estreita colaboração
entre os povos, que a todos se afigura condição necessária da paz e bem-estar
futuro, em que bases assentará? A resposta tem grande valor para nós, cujo
nacionalismo económico e politico pode encontrar-se por aquele facto fora da
linha geral da reorganização do mundo, com a correspondente necessidade de
ajustamentos futuros. O facto de as guerras nascerem de conflitos entre nações
- e agora lhe começamos a ver aspectos inter-continentais - induz naturalmente
muitos espíritos a buscarem remédio para tão grandes catástrofes em formas de
organização super-nacional, continental ou mundial. Não está no meu espírito
nem é da doutrina da nossa Revolução negar a interdependência e solidariedade
dos Estados nem a necessidade de uma fórmula de organização ou trabalho
internacional que resolva eficientemente os problemas comuns ou a cooperação a
prestar. Digo apenas ser minha sincera convicção que o homem do século XX não
está habilitado ainda a ver, a resolver os problemas do mundo senão através das
existências nacionais, livres e independentes. Imaginações exaltadas, políticos
de gabinete apaixonados das fórmulas abstractas e despreocupados das muitas
realidades que entretecem a vida das nações acharão que é possível melhor. Os
homens prudentes encontrarão porém que a base nacional será ainda a mais
sólida, fácil e isenta de perigos para nela se assentar a colaboração dos povos
conducente ao bem-estar comum.

Nesta orientação, assim
como quanto mais sólida e estável for a organização familiar, mais coesa e
sólida é a própria nação, assim também quanto mais nítida, mais forte e
independente for dentro do seu próprio território a autoridade do Estado,
quanto mais ordenada e sólida e nacional for a sua economia, mais fáceis serão
os convénios de interesse internacional, mais prontamente tomados e obedecidos
os compromissos ou normas que importem a uma comunidade de nações.

Em política os
problemas simplificam-se pela delimitação de fronteiras e de poderes. O princípio
é que nem duas soberanias num território nem competência de autoridades para a
mesma actuação. A regra aplica-se também aos territórios coloniais, acerca dos
quais algumas ideias correntes estão longe de ser claras e inofensivas.

A questão do direito de
acesso às matérias primas (tendo-se em mente sobretudo as de origem colonial)
nasceu precisamente quando ninguém se lembrava de recusá-las e o único problema
era de facto vendê-las. Apuradas as coisas, viu-se bem que, em tempo de paz,
dada a existência de países coloniais não industrializados e de nações grandes
produtoras de matérias primas que anseiam por lançar no mercado mundial,
nenhuma dificuldade real pode existir senão a de deficiência de meios de
pagamento, ou seja, a da diferença de meios circulantes, no fundo afinal um
problema de soberania - que era aonde se queria chegar. Há portanto grandes
ilusões em se crer que regimes de condomínio, mandato, porta-aberta e
semelhantes resolvam qualquer questão, a não ser que o fim a atingir seja apenas
complicar os problemas, tirando a uns o que descobriram, conquistaram,
administram e civilizam, para disfarçado traspasse em benefício de terceiros.
Por esses motivos e ainda pelo que todos devem à justiça e nós à nossa própria
História, e embora a questão não nos respeite, como supomos, prudente se deve
afigurar a linha política que, quanto às províncias portuguesas do ultramar, o
Acto Colonial definiu e a Revolução incansavelmente defende.

E mais nada.



III. Conclusão – Palavras Desagradáveis



Vou terminar e sinto
ter de dizer, antes de concluir, algumas palavras desagradáveis e duras.

O Governo tem e eu
pessoalmente tenho também grandes responsabilidades na falta de preparação do
espírito público para as dificuldades inevitáveis e os sacrifícios impostos pela
guerra. Para poupar o mais possível a Nação na sua vida normal, não se seguiu o
critério, por outros adoptado, do permanente estado de alarme. Porventura se
lhe deviam ter feito conhecer em minúcia as dificuldades políticas e económicas
que a cada momento se têm de vencer, os atritos, as discussões, os riscos que
corre a nossa neutralidade, a crise permanente da paz nos que ainda a
conservam. Daqui vem que o português está mimoso deste tratamento paternal, se
mostra insofrido, despreocupado, pouco compreensivo. O Governo não se irrita se
pobre gente que precisa absolutamente de um pouco de carvão ou de azeite se
lastima de o não ter ou do tempo que perde para consegui-lo. Mas não pode
desculpar àqueles a quem não falta o indispensável a sua intolerância, porque
nem sempre obtêm aquilo de que aliás em boa consciência não precisam. A nossa
atitude digna perante a imensa desgraça da guerra, os milhões de seres que
morrem de fome, de miséria e de dor, não é um vago sentimento ou palavra de
comiseração, deixada cair com indiferença real, mas a modéstia, a renúncia, a
paciência que ao menos traduzam, na falta de auxílios por vezes impossíveis, a
verdade de uma comunhão ou ambiente moral. Como está longe destes sentimentos o
egoísmo calculista e ganancioso que pode iludir a lei para meter em cofre a
miséria alheia!

Outro ponto. A crise do
mundo não é imagem literária; a sua gravidade e profundeza, a sua extensão, os
interesses e conceitos que estão em jogo fazem tremer nos alicerces as nações e
os impérios mais bem constituídos. Repito uma frase de há pouco: nós não
estamos em luta mas estamos na guerra, como os outros. Enquanto o Exército que
fez a Revolução ocupa os postos que lhe foram indicados, a Nação tem o dever de
mostrar a sua unidade, força e coesão, numa palavra, plena consciência
nacional. Devo louvá-la por essa atitude sem prejuízo de censurar alguns
portugueses que de uma ou outra forma trabalham por destruir a armadura moral
do País, quando se sabe ser esta um dos maiores factores da nossa defesa. Alguns
alimentam a sua actividade de esperanças que ninguém lhes realizará; outros
procuram justificar-se com a sua discordância da política seguida, como se,
fora dos ignorantes ou irresponsáveis que não têm elementos para julgar, alguém
possa supor que ela podia ou devia ser diferente do que até ao presente tem
sido, na defesa do mais bem compreendido interesse nacional. Sabemos que outras
grandes crises europeias ameaçaram semelhantemente dividir-nos à volta de
interesses estranhos; mas agora o Governo não pode ser acusado nem de falta de
lealdade, nem mesmo de esquecer deveres especiais de fidelidade a relações
criadas por séculos de interesses comuns; o que tem procurado ao mesmo tempo é
ser digno, embora dentro daquela larga e condescendente benevolência que é a
atitude dos amigos, ainda quando não são mais fracos. Que entre nós alguns
estrangeiros se queixem, admite-se por mal habituados; que portugueses também
nos ataquem, isso só quer dizer que a sua medida de dignidade patriótica não é
a nossa. A nossa tomámo-la daqueles portugueses que valiam mais do que valemos
e fizeram uma História e criaram uma Nação que somos obrigados, mesmo contra
alguns, a respeitar e a defender.



António de Oliveira
Salazar - 27 de Abril de 1943



Mais discursos: https://archive.org/details/sa....lazar-discursos-e-no

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HardesFl
HardesFl 3 years ago

Sobre Mulheres.

de

Arthur Schopenhauer

Estas poucas palavras de Jouy, Sans les femmes le commencement de notre vie seroit privé de secours, le milieu de plaisirs et la fin de consolation, expressam mais exatamente, em minha opinião, o verdadeiro elogio da mulher do que o poema de Schiller, Würde der Frauen, que é fruto de muito pensamento cuidadoso e impressionante por causa de sua antítese e uso de contraste. A mesma coisa é mais pateticamente expressa por Byron em Sardanapalus, Act i, Sc. 2: -

"O primeiro
Da vida humana deve brotar do seio da mulher,
Suas primeiras palavras pequenas são ensinadas de seus lábios,
Suas primeiras lágrimas foram saciadas por ela, e seus últimos suspiros
Muitas vezes expirado na audição de uma mulher,
Quando os homens se encolheram com o cuidado ignóbil
De assistir a última hora daquele que os liderou. ”

Ambas as passagens mostram o ponto de vista correto para a valorização das mulheres.

Basta olhar para a forma de uma mulher para descobrir que ela não se destina a muito trabalho mental ou físico. Ela paga a dívida da vida não pelo que faz, mas pelo que sofre - pelas dores de ter filhos, cuidar da criança e sujeitar-se ao homem, de quem deve ser paciente e alegre companhia. As maiores tristezas e alegrias ou grande demonstração de força não são atribuídas a ela; sua vida deve fluir mais calmamente, mais suavemente e menos obstrusivamente do que a do homem, sem que ela seja essencialmente mais feliz ou infeliz.



As mulheres são adaptadas diretamente para atuar como enfermeiras e educadoras de nossa primeira infância, pela simples razão de que elas mesmas são infantis, tolas e míopes - em uma palavra, são crianças grandes por toda a vida, algo intermediário entre a criança e o homem, que é um homem no sentido estrito da palavra. Pense em como uma menina brinca dia após dia com uma criança, dança com ela e canta para ela; e então considere o que um homem, com as melhores intenções do mundo, poderia fazer em seu lugar.



Com as meninas, a Natureza teve em vista o que é chamado em sentido dramático de “efeito marcante”, pois ela as dotou por alguns anos de uma riqueza de beleza e uma plenitude de charme à custa do resto de suas vidas; de modo que durante esses anos eles possam enredar a fantasia de um homem a tal ponto que o faça correr para cuidar deles, de alguma forma, por toda a vida - um passo que não pareceria suficientemente justificado se ele apenas considerou o assunto. Conseqüentemente, a Natureza forneceu à mulher, assim como ao resto de suas criaturas, as armas e os implementos necessários para a proteção de sua existência e pelo período de tempo em que estarão a seu serviço; de modo que a Natureza procedeu aqui com sua economia usual. Assim como a formiga fêmea após o coito perde suas asas, que então se tornam supérfluas, ou melhor, perigosas para propósitos de procriação, também a mulher perde sua beleza depois de dar à luz a um ou dois filhos; e provavelmente pelos mesmos motivos.

Então, novamente, descobrimos que as jovens em seus corações consideram seus assuntos domésticos ou outros como coisas secundárias, se não como uma simples brincadeira. Amor, conquistas e tudo o que isso inclui, como vestir, dançar e assim por diante, eles dão muita atenção.



Quanto mais nobre e perfeita uma coisa, mais tarde e mais devagar ela atinge a maturidade. O homem atinge a maturidade de seu raciocínio e faculdades mentais mal antes dos vinte e oito anos; mulher aos dezoito anos; mas o dela é motivo de limitações muito estreitas. É por isso que as mulheres permanecem crianças por toda a vida, pois sempre vêem apenas o que está próximo, apegam-se ao presente, assumem a aparência de uma coisa por realidade e preferem as coisas triviais às mais importantes. É em virtude dos poderes de raciocínio do homem que ele não vive apenas no presente, como o bruto, mas observa e pondera sobre o passado e o futuro; e desta fonte de discrição, cuidado e aquela ansiedade que tão freqüentemente notamos nas pessoas. As vantagens, bem como as desvantagens, que isso acarreta, tornam a mulher, em conseqüência de seus poderes de raciocínio mais fracos, menos participante deles. Além disso, ela é intelectualmente míope, pois embora sua compreensão intuitiva perceba rapidamente o que está perto dela, por outro lado, seu círculo de visão é limitado e não abrange nada que seja remoto; portanto, tudo o que está ausente ou passado, ou no futuro, afeta menos as mulheres do que os homens. É por isso que têm maior inclinação para a extravagância, que às vezes beira a loucura. As mulheres em seus corações pensam que os homens têm a intenção de ganhar dinheiro para que possam gastá-lo, se possível durante a vida de seu marido, mas de qualquer forma após sua morte. Por outro lado, seu círculo de visão é limitado e não abrange nada que é remoto; portanto, tudo o que está ausente ou passado, ou no futuro, afeta menos as mulheres do que os homens. É por isso que têm maior inclinação para a extravagância, que às vezes beira a loucura. As mulheres em seus corações pensam que os homens têm a intenção de ganhar dinheiro para que possam gastá-lo, se possível durante a vida de seu marido, mas de qualquer forma após sua morte. Por outro lado, seu círculo de visão é limitado e não abrange nada que é remoto; portanto, tudo o que está ausente ou passado, ou no futuro, afeta menos as mulheres do que os homens. É por isso que têm maior inclinação para a extravagância, que às vezes beira a loucura. As mulheres em seus corações pensam que os homens têm a intenção de ganhar dinheiro para que possam gastá-lo, se possível durante a vida de seu marido, mas de qualquer forma após sua morte.

Assim que ele lhes dá seus ganhos para manter a casa, eles se fortalecem nessa crença. Embora tudo isso acarrete muitas desvantagens, ainda assim tem a vantagem de que a mulher vive mais no presente do que o homem e que gosta mais disso, se é que isso é suportável. Esta é a origem daquela alegria própria da mulher e que a torna apta a distrair o homem e, em caso de necessidade, a consolá-lo quando está oprimido pelos cuidados. Consultar mulheres em questões de dificuldade, como os alemães costumavam fazer nos velhos tempos, não é de forma alguma um assunto a ser negligenciado; pois sua maneira de apreender uma coisa é bem diferente da nossa, principalmente porque gostam do caminho mais curto para o ponto, e geralmente mantêm sua atenção fixa no que está mais próximo; enquanto nós, via de regra, vemos além dele, pela simples razão de que está debaixo de nosso nariz, então torna-se necessário sermos trazidos de volta à coisa para obter uma visão próxima e simples. É por isso que as mulheres são mais sóbrias em seus julgamentos do que nós e não vêem nas coisas nada mais do que realmente existe; enquanto nós, se nossas paixões são despertadas, exageramos um pouco ou aumentamos nossa imaginação.

É porque os poderes de raciocínio das mulheres são mais fracos que elas mostram mais simpatia pelos desafortunados do que os homens e, consequentemente, têm um interesse mais gentil por eles. Por outro lado, as mulheres são inferiores aos homens em questões de justiça, honestidade e consciência. Novamente, porque sua faculdade de raciocínio é fraca, as coisas claramente visíveis e reais, e pertencentes ao presente, exercem um poder sobre elas que raramente é neutralizado por pensamentos abstratos, máximas fixas ou resoluções firmes, em geral, em consideração ao passado e futuro ou por consideração pelo que está ausente e remoto. Conseqüentemente, eles têm as primeiras e principais qualidades da virtude, mas carecem das qualidades secundárias que muitas vezes são um instrumento necessário para desenvolvê-la. As mulheres podem ser comparadas a este respeito a um organismo que tem um fígado, mas não tem vesícula biliar.9 De modo que se descobrirá que a falha fundamental no caráter das mulheres é que elas não têm "senso de justiça". Isso decorre de sua deficiência na capacidade de raciocínio e reflexão já referida, mas também se deve em parte ao fato de que a natureza não os destinou, como o sexo mais fraco, a serem dependentes da força, mas da astúcia; é por isso que são instintivamente astutos e têm uma tendência indelével para mentir. Pois assim como os leões são equipados com garras e dentes, elefantes com presas, javalis com presas, touros com chifres e os chocos com seu fluido escuro e escuro, a Natureza forneceu a mulher para sua proteção e defesa com a faculdade de dissimulação, e todos o poder que a natureza deu ao homem na forma de força corporal e razão foi conferido à mulher nesta forma. Conseqüentemente, a dissimulação é inata na mulher e quase tão característica dos muito estúpidos quanto dos espertos. Conseqüentemente, é tão natural para as mulheres disfarçarem em todas as oportunidades quanto para os animais voltarem para suas armas quando são atacados; e sentem, ao fazê-lo, que em certa medida estão apenas fazendo uso de seus direitos. Portanto, uma mulher que é perfeitamente verdadeira e não dissimula talvez seja uma impossibilidade. É por isso que eles enxergam através da dissimulação nos outros com tanta facilidade; portanto, não é aconselhável tentar com eles. Do defeito fundamental que foi declarado, e tudo o que ele envolve, surgem a falsidade, a falta de fé, a traição, a ingratidão e assim por diante. Num tribunal de justiça, as mulheres são mais frequentemente consideradas culpadas de perjúrio do que os homens. Na verdade, é geralmente questionado se eles deveriam ser autorizados a prestar juramento. De vez em quando, há casos repetidos por toda parte de senhoras que não precisam de nada, embolsando e tirando coisas secretamente dos balcões das lojas.



A natureza tornou o chamado dos homens jovens, fortes e bonitos cuidar da propagação da raça humana; para que a espécie não degenere. Esta é a vontade firme da Natureza, e encontra sua expressão nas paixões das mulheres. Esta lei supera todas as outras em idade e poder. Ai, então, do homem que estabelece direitos e interesses de maneira a impedi-los; pois o que quer que ele faça ou diga, eles serão, no primeiro início significativo, impiedosamente aniquilados. Pois a moral secreta, não formulada, ou melhor, inconsciente, mas inata da mulher é: Temos justificativa para enganar aqueles que, porque se importam um pouco conosco, - isto é, com o indivíduo, - imaginam que obtiveram direitos sobre a espécie . A constituição e, conseqüentemente, o bem-estar da espécie, foram colocados em nossas mãos e confiados aos nossos cuidados por meio da próxima geração que procede de nós; vamos cumprir nossos deveres conscienciosamente.

Mas as mulheres não estão de forma alguma cônscias desse princípio condutor in abstracto, só têm consciência dele in concreto, e não têm outra maneira de expressá-lo senão pela maneira como agem quando chega a oportunidade. Para que sua consciência não os incomode tanto quanto imaginamos, pois nas profundezas de seus corações eles estão conscientes de que, ao violar seu dever para com o indivíduo, eles o cumpriram melhor para com a espécie, cuja reivindicação sobre eles é infinitamente maior. (Uma explicação mais completa sobre este assunto pode ser encontrada no vol. Ii., Cap. 44, em minha obra principal, Die Welt als Wille und Vorstellung.)

Porque as mulheres existem inteiramente para a propagação da raça, e seu destino termina aqui, elas vivem mais para a espécie do que para o indivíduo, e em seus corações levam os assuntos da espécie mais a sério do que os do indivíduo. Isso dá a todo o seu ser e caráter uma certa frivolidade e, no geral, uma certa tendência que é fundamentalmente diferente da do homem; e é isso que desenvolve aquela discórdia na vida de casado que é tão prevalente e quase normal.

É natural que exista um sentimento de mera indiferença entre os homens, mas entre as mulheres é uma inimizade real. Isso talvez se deva ao fato de que o ódio figulinumina, no caso dos homens, se limita a seus afazeres cotidianos, mas com as mulheres abrange todo o sexo; já que eles têm apenas um tipo de negócio. Mesmo quando se encontram na rua, eles se olham como guelfos e gibelinos. E é bastante evidente quando duas mulheres se conhecem pela primeira vez que elas exibem mais restrição e dissimulação do que dois homens colocados em circunstâncias semelhantes. É por isso que uma troca de elogios entre duas mulheres é muito mais ridícula do que entre dois homens. Além disso, enquanto um homem irá, via de regra, se dirigir aos outros, mesmo aqueles inferiores a si mesmo, com um certo sentimento de consideração e humanidade, é insuportável ver com que orgulho e desdém uma senhora de posição irá, na maior parte, se comportar para alguém que está em uma posição inferior (não empregado em seu serviço) quando ela fala com ela. Isso pode ser porque as diferenças de posição são muito mais precárias com as mulheres do que conosco e, conseqüentemente, mudam mais rapidamente sua linha de conduta e as elevam , ou porque embora cem coisas devam ser pesadas em nosso caso, há apenas uma a ser pesada no deles, a saber, com aquele homem que eles encontraram favor; e, novamente, por causa da natureza unilateral de sua vocação, eles se relacionam mais intimamente do que os homens; e assim é que eles tentam tornar proeminentes as diferenças de posição. Por causa da natureza unilateral de sua vocação, eles mantêm um relacionamento mais próximo um do outro do que os homens; e assim é que eles tentam tornar proeminentes as diferenças de posição. Por causa da natureza unilateral de sua vocação, eles mantêm um relacionamento mais próximo um do outro do que os homens; e assim é que tentam tornar proeminentes as diferenças de posição.



É apenas o homem cujo intelecto é obscurecido por seu instinto sexual que poderia dar àquela raça atrofiada, de ombros estreitos, quadris largos e pernas curtas o nome de belo sexo; pois toda a beleza do sexo é baseada neste instinto. Seria mais justo chamá-los de sexo antiestético do que de belo. Nem para a música, nem para a poesia, nem para as belas-artes têm algum sentido e suscetibilidade real ou verdadeira, e é mera zombaria de sua parte, em seu desejo de agradar, se afetam tal coisa.

Isso os torna incapazes de ter um interesse puramente objetivo por qualquer coisa, e a razão para isso, imagino, é a seguinte. Um homem se esforça para obter domínio direto sobre as coisas, seja por compreendê-las ou por compulsão. Mas uma mulher é sempre e em toda parte levada ao domínio indireto, a saber, por meio de um homem; todo o seu domínio direto sendo limitado apenas a ele. Portanto, está na natureza da mulher olhar para tudo apenas como um meio para ganhar o homem, e seu interesse em qualquer outra coisa é sempre um simulado, uma mera forma indireta de atingir seus objetivos, consistindo em coqueteria e fingimento. Daí Rousseau disse, Les femmes, en général, n’aiment aucun art, ne se connoissent à aucun et n’ont aucun génie (Lettre à d’Alembert, nota xx.). Todo aquele que pode ver através de uma farsa deve ter descoberto que esse é o caso. Basta observar a maneira como eles se comportam em um concerto, ópera ou peça; a simplicidade infantil, por exemplo, com que continuam tagarelando nas melhores passagens das maiores obras-primas. Se é verdade que os gregos proibiam as mulheres de ir à peça, eles agiram de maneira correta; pois de qualquer modo seriam capazes de ouvir algo. Em nossos dias, seria mais apropriado substituir taceat mulier no teatro por taceat mulier na eclésia; e isso talvez possa ser colocado em letras grandes na cortina.

Nada diferente pode ser esperado das mulheres, se tivermos em mente que as mais eminentes de todo o sexo nunca realizaram nada nas belas-artes que seja realmente grande, genuíno e original, ou dado ao mundo qualquer tipo de trabalho permanente valor. Isso é mais notável no que diz respeito à pintura, cuja técnica está tanto ao seu alcance quanto ao nosso; é por isso que o buscam tão diligentemente. Ainda assim, eles não têm uma única grande pintura para mostrar, pela simples razão de que lhes falta aquela objetividade mental que é precisamente o que é tão diretamente necessário na pintura. Eles sempre se atêm ao que é subjetivo. Por isso, as mulheres comuns não têm nenhuma suscetibilidade à pintura: for natura non facet saltum. E Huarte, em seu livro famoso por trezentos anos, Examen de ingenios para las scienzias, afirma que as mulheres não possuem as capacidades superiores. Exceções individuais e parciais não alteram o assunto; as mulheres são e continuam a ser consideradas, em conjunto, as filisteus mais completas e incuráveis; e por causa do arranjo extremamente absurdo que lhes permite compartilhar a posição e o título de seus maridos, são um estímulo constante para suas ambições ignóbeis. E, além disso, é por serem filisteus que a sociedade moderna, à qual dão o tom e onde dominam, se corrompeu. No que diz respeito à posição deles, devemos nos guiar pela máxima de Napoleão, Les femmes n’ont pas de rang; e a respeito deles em outras coisas, Chamfort diz muito verdadeiramente: Eles são feitos para trocar nossas fraquezas com nossa loucura, mas não com nossa razão. Existe entre eles e os homens simpatias da epiderme, e muito poucas simpatias de espírito, alma e caráter. Eles são o sexus sequior, o segundo sexo em todos os aspectos, portanto, suas fraquezas devem ser poupadas, mas tratar as mulheres com extrema reverência é ridículo e nos rebaixa a seus próprios olhos. Quando a natureza dividiu a raça humana em duas partes, ela não a cortou exatamente ao meio! A diferença entre os pólos positivo e negativo, de acordo com a polaridade, não é apenas qualitativa, mas também quantitativa. E era sob essa luz que os antigos e o povo do Oriente consideravam as mulheres; eles reconheceram sua verdadeira posição melhor do que nós, com nossas velhas idéias francesas de galanteria e veneração absurda, o mais alto produto da estupidez cristã-teutônica. Essas idéias só serviram para torná-los arrogantes e imperiosos, a ponto de lembrar às vezes os santos macacos de Benares, que, na consciência de sua santidade e inviolabilidade, pensam que podem fazer tudo e qualquer coisa que quiserem.

No Ocidente, a mulher, isto é, a “senhora”, encontra-se em uma posição falsa; pois a mulher, corretamente denominada pelos antigos sexus sequior, não é de forma alguma adequada para ser objeto de nossa honra e veneração, ou para ter sua cabeça mais alta do que o homem e ter os mesmos direitos que ele. As consequências dessa posição falsa são suficientemente claras. Consequentemente, seria uma coisa muito desejável se este Número Dois da raça humana na Europa recebesse sua posição natural, e a senhora reclamação fosse eliminada, o que não é apenas ridicularizado por toda a Ásia, mas teria sido igualmente ridicularizado pela Grécia e Roma. O resultado disso seria que a condição de nossos assuntos sociais, civis e políticos seria incalculavelmente melhorada. A lei sálica seria desnecessária; seria um truísmo supérfluo. A senhora européia, estritamente falando, é uma criatura que não deveria existir; mas deve haver governantas e meninas que desejam tornar-se assim; e eles devem ser educados não para serem arrogantes, mas para serem domesticados e submissos. É exatamente porque há mulheres na Europa que as mulheres de posição inferior, ou seja, a grande maioria do sexo, são muito mais infelizes do que no Oriente. Até mesmo Lord Byron diz (Letters and Papers, de Thomas Moore, vol. Ii. P. 399), Pensamento sobre o estado das mulheres sob os gregos antigos - bastante conveniente. Estado atual, um resquício da barbárie das idades cavalheiresca e feudal - artificial e antinatural. Eles devem cuidar de casa - e estar bem alimentados e vestidos - mas não misturados na sociedade. Também bem educado em religião - mas não para ler poesia nem política - nada além de livros de piedade e culinária. Música - desenho - dança - também um pouco de jardinagem e aração de vez em quando. Eu os vi consertando as estradas no Épiro com bom sucesso. Por que não, assim como a produção de feno e a ordenha?



Em nossa parte do mundo, onde a monogamia está em vigor, casar significa reduzir pela metade os direitos e dobrar os deveres. Quando as leis garantiram à mulher os mesmos direitos que o homem, também deveriam ter dado a ela um poder masculino de raciocínio. Pelo contrário, assim como os privilégios e honras que as leis decreta para as mulheres superam o que a Natureza lhes concedeu, também há uma diminuição proporcional no número de mulheres que realmente compartilham desses privilégios; portanto, os restantes são privados de seus direitos naturais, na medida em que os outros receberam mais do que os acordos da Natureza.

Para a posição não natural de privilégio que a instituição da monogamia, e as leis do casamento que a acompanham, atribuem à mulher, por meio da qual ela é considerada inteiramente como um equivalente pleno do homem, o que ela não é de forma alguma, causa inteligente e homens prudentes devem refletir muito antes de fazerem tão grande sacrifício e consentirem em um arranjo tão injusto. Portanto, enquanto entre as nações polígamas toda mulher encontra sustento, onde existe monogamia o número de mulheres casadas é limitado, e um número incontável de mulheres sem apoio permanece; os das classes superiores vegetam como velhas solteironas inúteis, os das classes inferiores são reduzidos a um trabalho muito árduo de natureza desagradável ou tornam-se prostitutas e levam uma vida tão triste quanto vazia de honra. Mas, nessas circunstâncias, eles torna-se uma necessidade para o sexo masculino; de modo que sua posição é abertamente reconhecida como um meio especial de proteger da sedução aquelas outras mulheres favorecidas pelo destino por terem encontrado maridos, ou que esperam encontrá-los. Só em Londres existem 80.000 prostitutas. Então, o que são essas mulheres que chegaram rápido demais a esse fim terrível, senão os sacrifícios humanos no altar da monogamia? As mulheres aqui referidas e que se encontram nesta posição miserável são o contrapeso inevitável à senhora europeia, com as suas pretensões e arrogância. Portanto, a poligamia é um benefício real para o sexo feminino, levando-o em conta. Só em Londres, há 80.000 prostitutas. Então, o que são essas mulheres que chegaram rápido demais a esse fim terrível, senão os sacrifícios humanos no altar da monogamia? As mulheres aqui referidas e que se encontram nesta posição miserável são o contrapeso inevitável à senhora europeia, com as suas pretensões e arrogância. Portanto, a poligamia é um benefício real para o sexo feminino, levando-a em conta. Só em Londres, há 80.000 prostitutas. Então, o que são essas mulheres que chegaram rápido demais a esse fim terrível, senão os sacrifícios humanos no altar da monogamia? As mulheres aqui referidas e que se encontram nesta posição miserável são o contrapeso inevitável à senhora europeia, com as suas pretensões e arrogância. Portanto, a poligamia é um benefício real para o sexo feminino, considerando-o como um todo. E, por outro lado, não há razão para que um homem cuja esposa sofre de uma doença crônica, ou permanece estéril, ou gradualmente se tornou muito velho para ele, não deva demorar um segundo. Muitas pessoas se convertem ao mormonismo pelas razões precisas de que condenam a instituição não natural da monogamia. A concessão de direitos não naturais às mulheres impôs-lhes deveres não naturais, cuja violação, entretanto, as torna infelizes. Por exemplo, muitos homens pensam que o casamento é desaconselhável no que diz respeito à sua posição social e posição monetária, a menos que ele contrate um casamento brilhante. Ele então desejará ganhar uma mulher de sua escolha em diferentes condições, a saber, sob aquelas que garantirão a segurança dela e de seus filhos. Se as condições forem justas, razoáveis ​​e adequadas, e ela consente em abrir mão daqueles privilégios indevidos que o casamento, como base da sociedade civil, sozinho pode conceder, ela deve, em certa medida, perder sua honra e levar uma vida de solidão ; já que a natureza humana nos torna dependentes da opinião dos outros de uma forma que é completamente desproporcional ao seu valor. Enquanto, se a mulher não consentir, ela corre o risco de ser obrigada a se casar com um homem de quem não gosta, ou de murchar e virar uma solteirona; pois o tempo que ela tem para encontrar um lar é muito curto. Em vista deste lado da instituição da monogamia, o tratado profundamente erudito de Thomasius, uma vez que a natureza humana nos torna dependentes da opinião dos outros de uma forma que é completamente desproporcional ao seu valor. Enquanto, se a mulher não consentir, ela corre o risco de ser obrigada a se casar com um homem de quem não gosta, ou de murchar e virar uma solteirona; pois o tempo que ela tem para encontrar um lar é muito curto. Em vista deste lado da instituição da monogamia, o tratado profundamente erudito de Thomasius, uma vez que a natureza humana nos torna dependentes da opinião dos outros de uma forma que é completamente desproporcional ao seu valor. Enquanto, se a mulher não consentir, ela corre o risco de ser obrigada a se casar com um homem de quem não gosta, ou de murchar e virar uma solteirona; pois o tempo que ela tem para encontrar um lar é muito curto. Em vista deste lado da instituição da monogamia, o tratado profundamente erudito de Thomasius, de Concubinatu, vale a pena ser lido, pois mostra que, entre todas as nações, e em todas as épocas, até a Reforma Luterana, o concubinato era permitido, não, que era uma instituição, em certa medida até reconhecida por lei e associada a nenhuma desonra. E manteve esta posição até a Reforma Luterana, quando foi reconhecida como outro meio para justificar o casamento do clero; então o partido católico não se atreveu a ficar atrasado no assunto.

É inútil discutir sobre a poligamia, ela deve ser tomada como um fato existente em todos os lugares, cuja mera regulamentação é o problema a ser resolvido. Onde estão, então, quaisquer monogâmicos reais? Todos nós vivemos, pelo menos por um tempo, e a maioria de nós sempre, em poligamia. Conseqüentemente, como cada homem precisa de muitas mulheres, nada é mais justo do que deixar que ele, ou melhor, lhe incumbir o sustento de muitas mulheres. Por este meio, a mulher será trazida de volta ao seu lugar natural e adequado como um ser subordinado, e a senhora, aquele monstro da civilização europeia e da estupidez cristã-teutônica, com sua ridícula reivindicação de respeito e veneração, não existirá mais; ainda haverá mulheres, mas não mulheres infelizes, de quem a Europa está cheia neste momento. O ponto de vista dos mórmons está certo.



Na Índia, nenhuma mulher é independente, mas cada uma está sob o controle de seu pai ou marido, ou irmão ou filho, de acordo com a lei de Manu.

É certamente uma ideia revoltante que as viúvas devam se sacrificar pelo cadáver de seu marido; mas também é revoltante que o dinheiro que o marido ganhou por trabalhar diligentemente por toda a vida, na esperança de que ele estava trabalhando para seus filhos, tenha sido desperdiçado com os amantes dela. Medium tenuere beati. O primeiro amor de uma mãe, como o dos animais e dos homens, é puramente instintivo e, conseqüentemente, cessa quando a criança não está mais fisicamente desamparada. Depois disso, o primeiro amor deve ser restabelecido por um amor baseado no hábito e na razão; mas isso muitas vezes não aparece, especialmente quando a mãe não amou o pai. O amor de um pai pelos filhos é diferente e mais sincero; baseia-se no reconhecimento de seu próprio eu interior na criança e, portanto, é metafísico em sua origem.

Em quase todas as nações, tanto do novo como do velho mundo, e mesmo entre os hotentotes, a propriedade é herdada apenas pelos descendentes do sexo masculino; só na Europa se partiu disso. Que a propriedade que os homens têm com dificuldade adquirida por luta e trabalho árduo e continuada deve depois cair nas mãos de mulheres, que, por falta de razão, ou a esbanja em pouco tempo ou de outra forma a desperdiça, é uma injustiça, pois ótimo, pois é comum e deve ser evitado limitando o direito das mulheres de herdar. Parece-me que seria melhor se as mulheres, viúvas ou filhas, herdassem apenas o dinheiro vitalício garantido por hipoteca, mas não a própria propriedade ou o capital, a menos que não houvesse descendência masculina. São os homens que ganham o dinheiro e não as mulheres, portanto as mulheres não têm justificação para possuí-lo incondicionalmente nem são capazes de administrá-lo. As mulheres nunca devem ter a livre distribuição de riquezas, estritamente assim chamadas, que podem herdar, como capital, casas e propriedades. Eles precisam de um guardião sempre; portanto, eles não devem ter a guarda de seus filhos em quaisquer circunstâncias. A vaidade das mulheres, mesmo que não deva ser maior do que a dos homens, tem esse mal em si, que é dirigida às coisas materiais - isto é, à sua beleza pessoal e então aos enfeites, pompa e ostentação. É por isso que eles estão em seu elemento certo na sociedade. É isso que os torna inclinados a ser o que podem herdar, como capital, casas e propriedades. Eles precisam de um guardião sempre; portanto, eles não devem ter a guarda de seus filhos em quaisquer circunstâncias. A vaidade das mulheres, mesmo que não deva ser maior que a dos homens, tem esse mal em si, que é dirigida às coisas materiais - isto é, à sua beleza pessoal e então aos enfeites, pompa e ostentação. É por isso que eles estão em seu elemento certo na sociedade. É isso que os torna inclinados a ser o que podem herdar, como capital, casas e propriedades. Eles precisam de um guardião sempre; portanto, eles não devem ter a guarda de seus filhos em quaisquer circunstâncias. A vaidade das mulheres, mesmo que não deva ser maior que a dos homens, tem esse mal em si, que é dirigida às coisas materiais - isto é, à sua beleza pessoal e então aos enfeites, pompa e ostentação. É por isso que eles estão em seu elemento certo na sociedade. É isso que os torna inclinados a se basear em sua beleza pessoal e, em seguida, em enfeites, pompa e ostentação. É por isso que eles estão em seu elemento certo na sociedade. É isso que os torna inclinados a se basear em sua beleza pessoal e, em seguida, em enfeites, pompa e ostentação. É por isso que eles estão em seu elemento certo na sociedade. É isso que os torna inclinados a ser extravagantes, especialmente porque possuem pouco poder de raciocínio. Consequentemente, um escritor antigo diz: [Grego: Gunae to synolon esti dapanaeron physei] .10 A vaidade dos homens, por outro lado, é muitas vezes direcionada para vantagens imateriais, como intelecto, aprendizado, coragem e semelhantes. Aristóteles explica na Política11 as grandes desvantagens que os espartanos trouxeram para si mesmos ao conceder muito às suas mulheres, ao permitir-lhes o direito de herança e dote, e uma grande quantidade de liberdade; e como isso contribuiu muito para a queda de Esparta. Não pode ser que a influência das mulheres na França, que tem vindo a aumentar desde a época de Luís XIII, tenha sido a culpada pela corrupção gradual da corte e do governo que levou à primeira Revolução, da qual todos os distúrbios subsequentes foram o resultado? Em todo caso, a falsa posição do sexo feminino, tão visivelmente exposta pela existência da “senhora”, é um defeito fundamental em nossa condição social, e esse defeito, procedente do próprio seio, deve estender sua influência nociva em todas as direções. Essa mulher é, por natureza, destinada a obedecer, é demonstrado pelo fato de que toda mulher colocada na posição não natural de independência absoluta se liga imediatamente a algum tipo de homem, por quem é controlada e governada; isso é porque ela precisa de um mestre. Se ela for jovem, o homem é um amante; se ela for velha, um padre.

9 Permitam-me referir-me ao que disse em meu tratado sobre o fundamento da moral, §71.

10 Poeta grego Gnomici de Brunck v. 115.

11 Bk. I., ch. 9



Voltei, é isso.
Espero que leiam todos os dias, para sabe, e relembrar, quem está do seu lado, quem são as mulheres, e os homens.
Gravem em um lugar, e quando precisarem, leiam, e releiam.
Foi um prazer.
?


MGTOW pecado da sabedoria.

Esteve aqui.

END

...

No final de tudo, não julguem.
Analise e questionem.

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