Papa Pio XI na encíclica Quas primas condena os socialismos de Josef Stálin e Benito Mussolini
O Papa Pio XI escreveu a encíclica Quas primas não apenas para condenar os Estados laicos, mas também os estados totalitários. Com esse documento, Pio XI transmite a mensagem de que todo reino humano está fadado ao fracasso, e que a autoridade de Deus é superior à autoridade humana, sendo esta última passageira, enquanto a de Deus é eterna. Em tempos marcados pelas ditaduras de Josef Stálin e Benito Mussolini, essa era uma mensagem de grande relevância.
No parágrafo 16 da encíclica, condena-se a obediência cega e absoluta à autoridade, tal como promovida pelas ideologias de Stálin e Mussolini: “Ao conferir à autoridade dos príncipes e chefes de governo certo caráter sagrado, a dignidade real de Nosso Senhor enobrece, com isso mesmo, os deveres e a sujeição dos cidadãos. Tanto assim que o Apóstolo São Paulo, depois de prescrever às mulheres casadas e aos escravos que reconhecessem a Cristo na pessoa de seus maridos e senhores, recomendava-lhes, ainda assim, que obedecessem não servilmente, como a homens, mas apenas em espírito de fé, como a representantes de Cristo; pois é indigno de uma alma resgatada por Cristo obedecer com servilismo a um homem.”
Ainda no mesmo parágrafo, condena-se o uso abusivo da autoridade pelos governos de Stálin e Mussolini: “Se os príncipes e governos legitimamente constituídos tivessem a convicção de que governam menos em nome próprio do que em nome e lugar do Rei Divino, é evidente que usariam de seu poder com toda a prudência e sabedoria possíveis.”
No parágrafo 22, o Papa retoma a doutrina tradicional da soberania de Cristo e da missão docente da Igreja, tal como ensinada pelos Papas medievais: “Como bem sabeis, Veneráveis Irmãos, não foi de um dia para o outro que esta praga chegou à sua plena maturação; há muito tempo ela estava latente nos Estados modernos. Começou-se, primeiramente, a negar a soberania de Cristo sobre as nações; negou-se, portanto, à Igreja o direito de instruir o gênero humano, de legislar e reger os povos em vista da eterna bem-aventurança.”
Dessa forma, a encíclica confronta diretamente o programa do Partido Nacional Fascista, no qual se lê: “O Estado é soberano, e essa soberania não pode nem deve ser abalada ou diminuída pela Igreja.”
Ainda no parágrafo 22, volta-se a condenar o abuso de poder por parte dos governos totalitários: “Sujeitaram-na, em seguida, à autoridade civil, entregando-a, por assim dizer, ao capricho de príncipes e governos.”
No parágrafo 23, Pio XI condena o socialismo nacionalista, base ideológica do fascismo: “Frutos dessa apostasia são os germes de ódio espalhados por toda parte, as invejas e rivalidades entre as nações, que alimentam as discórdias internacionais e dificultam ainda hoje a restauração da paz; frutos dessa apostasia são as ambições desenfreadas, que muitas vezes se disfarçam com a máscara do interesse público e do amor à pátria, e suas tristes consequências: dissensões civis, egoísmo cego e desmedido, sem outro objetivo nem outra regra senão as vantagens pessoais e os proveitos particulares”.
Além do conteúdo doutrinário, a encíclica estabelece a Festa de Cristo Rei a ser celebrada no último domingo de outubro — data escolhida para substituir simbolicamente a comemoração fascista da Marcha sobre Roma. O Papa esclarece, ainda, no parágrafo 19, que essa festa visa ressaltar a universalidade da fé católica, em oposição ao socialismo promovido pelos regimes totalitários: “Os documentos do Magistério, de fato, alcançam apenas um número restrito de espíritos mais cultos, ao passo que as festas atingem e instruem a universalidade dos fiéis.”
REFERÊNCIAS:
https://www.veritatis.com.br/q....uas-primas-pio-xi-11
https://homemcatolico.blogspot.....com/2019/02/fascism
https://www.storico.org/italia...._fascista/persecuzio