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Como Benito Mussolini e Roberto Farinacci traíram os católicos austríacos no Anschluss

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Опубликован в 23 Apr 2025 / В Другой

Em 1933, Adolf Hitler enviou Franz von Papen e Hermann Göring a Roma para convencer Benito Mussolini da necessidade de remover Engelbert Dollfuss do poder, a fim de permitir a liberdade política na Áustria. Essa proposta foi reiterada pelo próprio Hitler durante a Frente de Stresa, realizada entre 14 e 15 de junho de 1934, ocasião em que ele pediu repetidamente a realização de eleições na Áustria, acreditando que o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores de lá sairia vitorioso.
Mussolini limitou-se a tomar nota dos pedidos de Hitler, consciente de que a propaganda nacional-socialista já havia influenciado a opinião pública austríaca, abrindo caminho para o Anschluss — que colocaria em risco a fronteira italiana no Passo do Brenner. O ditador italiano apoiava a independência austríaca por temer que, após o Anschluss, Hitler reivindicasse os territórios italianos que outrora foram governados pela Áustria.
Em julho de 1934, ocorreu uma tentativa de golpe em Viena, durante a qual Dollfuss foi assassinado em um ataque à chancelaria. Mussolini engoliu essa afronta sem qualquer protesto eficaz. Com o fracasso do putsch vienense, iniciou-se uma negociação entre França e Itália visando uma aliança anti-Hitler, dentro de um projeto franco-russo para conter a Alemanha, inspirado no então ministro das Relações Exteriores francês, Louis Barthou.
Mussolini percebeu, à luz do golpe fracassado, que era necessário repensar sua estratégia frente à Alemanha e resolveu se aproximar da França de forma mais pragmática. Essa reaproximação culminou na assinatura dos Acordos de Roma, em 7 de janeiro de 1935, firmados entre Mussolini e Pierre Laval. Nesses acordos, os dois Estados concordaram, entre outras medidas, em garantir a independência da Áustria.
A frente anti-alemã parecia se fortalecer, mas desmoronou com a guerra da Itália contra a Etiópia e o consequente fracasso do compromisso do Pacto Hoare-Laval — minado, possivelmente, pelos sentimentos anti-italianos de Alexis Léger, secretário da Quai d'Orsay. Ao tornar público o conteúdo do acordo, Léger inviabilizou qualquer tentativa de recuperar a Itália para a Frente de Stresa por parte da Inglaterra e da França.
Assim, a postura italiana quanto ao Anschluss começou a mudar no início de 1936. Em 6 de janeiro daquele ano, Mussolini teve uma conversa com o embaixador alemão, Ulrich von Hassell, durante a qual foram lançadas as bases para uma aproximação entre Itália e Alemanha, após o esfriamento nas relações entre os dois países desde o putsch de 1934. Mussolini passou então a considerar novas soluções para a questão austríaca, assumindo que a Frente de Stresa estava encerrada. A Itália comunicou ao embaixador alemão que deixaria de proteger a Áustria e aceitaria sua assimilação gradual pela Alemanha.
Esse crescente desinteresse italiano pela Áustria levou à assinatura do Acordo Austro-Alemão de 11 de julho de 1936, que permitiu novamente a propaganda nacional-socialista no território austríaco. Apesar da evolução das relações entre Itália e Alemanha, Hitler ainda não tinha certeza sobre qual seria a postura italiana diante do Anschluss.
Kurt von Schuschnigg, por sua vez, ainda estava disposto a resistir a uma invasão alemã, mas já não contava com o apoio da Heimwehren de Ernst Rüdiger Starhemberg, que havia sido retirado pela Itália. Além disso, foi aconselhado por Mussolini a incluir nacional-socialistas no governo, o que ocorreu em maio de 1936, quando Schuschnigg declarou que, dali em diante, seguiria a fórmula de Ignaz Seipel: “dois Estados, uma só nação”.
Para completar a aproximação ítalo-alemã, houve também uma mudança no comando do Ministério das Relações Exteriores da Itália, com a nomeação de Galeazzo Ciano, em 9 de junho de 1936, substituindo Fulvio Suvich, que sempre se opusera à linha pró-alemã.
Por ocasião da assinatura do Pacto Anticomintern, em 6 de novembro de 1937, Mussolini reuniu-se com Joachim von Ribbentrop, a quem declarou que não pretendia mais agir como guardião da independência austríaca. Assim, a Alemanha — que já havia obtido o consentimento da Inglaterra para o Anschluss por meio do Acordo Naval Anglo-Alemão — recebia também o consentimento da Itália.
Em agradecimento, Hitler enviou a Mussolini um telegrama generoso e benevolente, no qual escreveu: “Mussolini, não me esquecerei de vosso gesto.”
Desse modo, em março de 1938, Hitler pôde prosseguir com o Anschluss. Ele visitou Roma em maio do mesmo ano — visita que levou o Papa Pio XI a se retirar do Vaticano e se refugiar em Castel Gandolfo, alegando que o ar da Cidade Eterna lhe fazia mal. Monsenhor Giovanni Battista Montini definiu os eventos como “os dolorosos acontecimentos destes dias”, que derrubaram o sonho de um bloqueio católico contra o nacional-socialismo na política externa do Vaticano.
Roberto Farinacci, que em seu jornal Il Regime Fascista publicara artigos em 27, 28 e 29 de julho de 1934 defendendo a independência da Áustria contra o Anschluss, publicou em abril de 1938 um artigo defendendo a anexação, onde escreveu: “Mais vale ter a Itália, em suas fronteiras, uma Alemanha amiga do que uma Áustria desleal”.
Mais adiante, no mesmo artigo, lê-se: "Era absurdo, como pretendem certos idiotas, querer que a Itália defenda essa parte do povo austríaco, pertencente ao velho clericalismo conservador, jamais esquecido de Vittorio Veneto e subordinado às ordens de Moscou."
Em resposta, o jornal L'Osservatore Romano, do Vaticano, refutou meticulosamente os argumentos apresentados por Farinacci, apontando os erros do texto e contestando a alegada deslealdade da Áustria. O periódico ressaltou sua fidelidade histórica como baluarte multissecular da Fé e da religião católica.
A propósito de um boletim paroquial que transcrevia um trecho da revista Fides, o jornal Folha da Ordem, órgão da sede do Partido Nacional Fascista em Bolonha, escreveu: “O dissídio entre o governo alemão e a Igreja é uma questão que não afeta os italianos, assim como não afetava os alemães a questão entre a Itália e o Vaticano. É inútil, portanto, contar aos italianos histórias mais ou menos verdadeiras sobre perseguições religiosas no país vizinho.”
Após o Anschluss, houve um influxo de presos clericais enviados ao campo de concentração de Dachau. Os nacional-socialistas na Áustria prenderam dois arcebispos e fecharam as associações de jovens católicos. O Gauleiter de Viena, Odilo Globocnik, lançou uma cruzada contra a Igreja Católica, que incluiu o confisco de suas propriedades.
Em 7 de outubro, o Cardeal-Arcebispo de Viena, Theodor Innitzer, organizou um Festival do Rosário na Catedral de Santo Estêvão, convidando os jovens católicos a participarem. Devido à proibição dos clubes católicos na Áustria pelos nacional-socialistas, esperava-se a presença de, no máximo, dois mil jovens. Contudo, cerca de nove mil lotaram a catedral, criando uma atmosfera profundamente impressionante.
Durante o sermão, o Cardeal Innitzer declarou: “Há apenas um Führer — e seu nome é Jesus Cristo.”
O L'Osservatore Romano noticiou, em 15 de outubro, que membros da militância socialista Juventude Hitlerista e das SA se reuniram do lado de fora da catedral para gritar e assobiar: “Abaixo Innitzer! Nossa fé é a Alemanha!”
No dia seguinte, um grupo da Juventude Hitlerista, com o apoio de membros do Partido Nacional-Socialista, atacou a catedral e o palácio episcopal do Cardeal. Apedrejaram e invadiram o local, agrediram fisicamente o Cardeal Innitzer e deixaram sua secretária inconsciente. Jogaram o assistente do cardeal pela janela, fraturando-lhe as pernas. Durante o ataque, destruíram janelas, obras de arte e lançaram móveis para fora do prédio.
O pároco Otto Neururer foi enviado a Dachau sob a acusação de "calúnia contra o casamento alemão", após aconselhar uma jovem a não se casar com um simpatizante nacional-socialista. Foi torturado e, em 1940, enforcado no campo de concentração de Buchenwald por realizar um batismo.
O padre Jakob Gapp, por sua oposição ao regime nazista, precisou fugir para a Espanha e, depois, para a França. Lá, foi capturado por dois agentes da Gestapo disfarçados de judeus fugitivos, levado a Berlim, preso e executado na guilhotina.
A freira católica Maria Restituta foi guilhotinada pelos socialistas em 30 de março de 1943 por ter pendurado crucifixos em um hospital onde trabalhava. Suas últimas palavras foram: “Por Cristo eu vivi; por Cristo desejo morrer.”
Em 1938, Hitler proibiu os católicos austríacos de participarem do Congresso Eucarístico de Budapeste.
A violenta perseguição nacional-socialista à Igreja Católica na Áustria revoltou os fiéis. Em outubro de 1938, após uma Santa Missa em Viena, milhares de católicos reuniram-se em um comício espontâneo, entoando em uníssono: “Cristo é o nosso Führer.” O ato, porém, foi violentamente dispersado pela polícia socialista.

REFERÊNCIAS:
https://it.wikipedia.org/wiki/Anschluss
https://en.wikipedia.org/wiki/Anschluss
https://www.pliniocorreadeoliv....eira.info/LEG_380320
https://www.pliniocorreadeoliv....eira.info/LEG_380417
https://en.wikipedia.org/wiki/....Nazi_persecution_of_

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